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Vol. 19 - Just give me a smile and I'm yours...

Posted by Chester
- Chester, está tudo bem com você?
- Eu é que pergunto! O que houve Theo? Onde você está? Por que sumiu? – já estava quase chorando.
- Tive um probleminha com o Henry. Ele estava com um pouco de febre e achei bom levá-lo ao médico antes de viajarmos. Mas a consulta demorou um pouco e só agora fomos liberados.
- E ele está bem?
- Sim, está tudo bem agora. Chess, por favor pegue um táxi e me encontre na estação. Estou saindo daqui agora.
- Mas não chegaremos a tempo de pegar o trem... – disse desanimadamente.
- Eu já liguei para lá. Iremos no próximo horário. Chegaremos mais tarde que o previsto à Paris, mas conseguiremos aproveitar um pouco da noite ainda hoje.
- Tudo bem, pegarei um táxi agora. Eu... Eu estava muito nervoso Theo.
- Me desculpa, não queria te alarmar. Achei que ia dar tempo para tudo.
- Eu achei que... Bem, deixa pra lá...
- Fale Chess. – Theo mudou a entonação para algo sério.
- Eu achei que estava me abandonando... De novo! – desabafei.
Criou um silêncio na linha.
- Eu JAMAIS teria motivos para te abandonar Chester. E sabes muito bem que da primeira vez eu não tive culpa.
- Mas poderia ter me ligado... Ou... - quase estava chorando.
- Eu não pretendo discutir isso novamente. Se você acha que pode esquecer o que aconteceu e dividir a tua vida comigo para sempre, me encontre na estação. Eu gostaria muito de te encontrar lá. Até logo. – e desligou.

Com a mão na boca, apavorado com a reação de Theo, me sentei na poltrona. Eu sabia que ele estava certo, mas naquele momento ele pareceu tão pouco compreensivo com a minha dor. Será que era eu que fantasiava demais? Esperava que ele fosse vir todo carinhoso a cada vez que eu chorasse? Que imagem idealizada dele que eu criei... Estava revoltado por dentro. “Como ele pode menosprezar o que eu sinto?”, pensava. Estava a ponto de subir com as malas e esquecer tudo o que ele havia feito por mim. Peguei elas e fui em direção ao elevador. E somente ao pressionar o botão percebi o quanto estava sendo egoísta. Pensando só no meu sofrimento. Afinal, ele também sofreu... Ele que me procurou de novo. E ele me amava de verdade. E era aquela a coisa mais importante. O elevador chegou e a porta se abriu na minha frente. Meu reflexo no metal dourado que cobria o as paredes me provocou um sorriso bobo. Foi o suficiente para fazer com que eu saísse correndo pelo lobby em direção a porta para pegar um táxi.

Pouco tempo depois estava na estação. Olhando para todos os lados, tentava encontrar Theo. Até que no meio da multidão, que parecia caminhar em câmera lenta, estava ele. Carregando Henry no colo, lá estava a mais perfeita visão do “Príncipe Encantado”. E só se concretizou quando ele olhou na minha direção e sorriu. Não haveria nenhum coração que resistiria àquela cena.

(continua)

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Vol. 18 - Pink Friends

Posted by Chester
No outro dia pela manhã, Arthur me ligou.
- Onde tem um supermercado aqui perto? Não tem ninguém em casa.
Dei uma resposta grosseira e informei. Trinta minutos mais tarde, novamante ele me liga e pergunta como chegar até a UCL. Após informar como ele deveria fazer, convidei que ele me encontrasse após a aula dele para esclarecermos algumas coisas, já que isso era parte do aprendizado dele.

Depois do almoço, todo atrapalhado, ele chega até a minha mesa. Me cumprimenta e já vem com uma lista de perguntas. Eu simplesmente comecei a dizer que ele não deveria me ligar sempre que necessitasse de alguma ajuda porque o meu trabalho era somente acompanhá-lo até a casa nova. Meio decepcionado com a resposta, ele diz:
- Ainda não me acostumei com a cidade e ter um rosto familiar me ajudaria bastante. Apesar de bastante empolgado por estar aqui, ainda sou bastante tímido e inseguro para tomar conta de mim sozinho. – e seus olhos começaram a se encher de lágrimas.
Vendo aquela cena, não pude deixar de ficar comovido e deixei de ser tão ranzinza. Arthur parecia ser um cara legal então nada mais justo que dar uma colher de chá para ele. Fui até a sala de Mrs. Gershner avisando que levaria Arthur para conhecer alguns locais importantes pois estava sofrendo com a adaptação inicial. Após aprovado, eu e ele seguimos para o metrô. Não lembro de ter andado em tantas linhas diferentes no mesmo dia, mas confesso que nunca tinha reparado o quanto Londres era enorme subterraneamente.

Já passava das 19h e resolvemos parar em um café para descansar um pouco antes de levá-lo de volta para casa. Pedi a Arthur que me contasse um pouco da vida dele e num primeiro momento ele pouco se abriu. Notei que fazendo perguntas ele me respondia bem mais que de vontade própria.
- E você tem namorada no Brasil? – perguntei.
Ele que estava com a xícara na boca se engasgou com o café.
- Não, eu não tenho namorada.
Eu sabia que ele não gostava de mulheres graças ao episódio do encanador, mas queria ter certeza.
- E namorado?
Novamente ele começou a tossir.
- Tudo bem, aqui em Londres é bem normal. – tentei remediar.
Ele ficou apreensivo. Começou a me olhar meio torto, como se fosse fugir dali. Ficamos alguns instantes em silêncio, enquanto ele mexia no seu café. De repente, levanta os olhos em minha direção e pergunta:
- Você é gay?
A surpresa da pergunta me deixou desconcertado. Após aquelas reações dele, deveria eu assumir que era? E se ele resolvesse sair espalhando por aí? E se falasse para Mrs, Gershner, que era uma senhora tão devotadamente católica? Eu poderia ser demitido, apesar da amizade com minha mãe.
- Sim, eu sou. – soltei sem pensar mais nas conseqüências.
Os olhos dele se arregalaram. Por um momento achei que tinha feito besteira. Imaginei que ele ia se levantar a qualquer momento e sair dali correndo. Mas logo um sorriso começou a aparecer no seu rosto e Arthur me diz:
- Finalmente terei um amigo gay para compartilhar meus problemas... Eu... Eu também sou e nunca tive ninguém para conversar sobre isso.
E aquela confissão me fez sentir que a partir daquele momento eu e ele seríamos amigos inseparáveis. E retribuí com um sorriso.

(continua)

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Vol. 17 - A quarter pass nine to happiness...

Posted by Chester
Cedo pela manhã, entrei em casa pé por pé para não fazer barulho. Mas assim que passei pela cozinha vejo Dona Charlotte de pé, ainda de pijama e robe, com uma xícara de café na mão. Dei meu melhor sorriso sem graça e quis ir correndo em direção ao quarto para evitar qualquer pergunta. Ao passar pela porta, só ouvi ela falando:
- Quem era o rapaz?
Ao ouvir aquilo me engasguei com minha própria saliva. Ela veio ao meu encontro na sala e perguntou o porquê de eu ter inventado que tinha ido dormir na casa do Arthur, já que ele havia ligado diversas vezes para casa. Acabei recebendo o sermão de preocupação, até que ela percebeu que eu não estava prestando nem um pouco atenção no que ela dizia.
- Pois bem... Estou vendo que este rapaz te fez muito bem. Qual é o nome dele? Onde se conheceram?
- Mãe, não é hora para conversas... Daqui a pouco tenho que ir trabalhar...
- Ah meu filho, só o nome então...
- Mãe... Por favor... – já me irritava a situação.

Estava me despindo pela casa louco para tomar um banho e sair dalí. Do nada ela se escora no batente da porta e fica me observando encher a banheira.
- Não vai me contar nada mesmo?
- Mãe, você está muito chata hoje! – esbravejei. – Sabe com quem eu sai? Você nunca iria acreditar... É... É loucura demais!
Ela só me observava com uma cara de preocupada ao mesmo tempo muito curiosa.
- Mãe, eu reencontrei o Theo! - falei quase rindo.
As feições do rosto dela passaram de surpresa para decepção em segundos.
- Bom... Eu só espero que ele não desapareça novamente. Não quero mais ter que gastar com psiquiatras e remédios desnecessários nesta casa. – Ela virou as costas e saiu.
Depois de vestido, dei um beijo no rosto dela e saí correndo. "Era melhor tomar café na rua hoje", pensei.

Perto do almoço, Theo me liga.
- Já estou morrendo de saudades.
- Seu bobo, não faz nem 4 horas que saí daí.
- Bom, liguei porque tive uma ótima ideia. Logo após o trabalho, passe em casa e faça as malas. Pegaremos o trem às 19h e chegaremos à Paris mais ou menos 21h15. Já estou com as passagens compradas e o hotel reservado. Vamos ter um fim de semana que já deveríamos ter feito a muito tempo atrás.
- Mas... Theo... Eu...
- Não fale nada. – disse ele rindo. – Gostou da minha proposta?
- Theo... É... É... Inacreditável! Eu adorei!
- Que bom. Passarei na tua casa exatamente às 18h. Esteja pronto.
- Tudo bem. Estarei te esperando.
- Te amo, Chess.
- Eu também te amo, Theo.

Avisei o restante dos funcionários da agência e saí mais cedo. Chegando em casa, chamei ela para que pegasse uma mala no armário e viesse comigo conversar no quarto.
- Onde você pensa que vai com essa pressa toda?
- Ai mãe, menos por favor. Theo acabou de me convidar para passarmos o fim de semana em Paris! Você sabe que a anos quero fazer essa viagem. Ele disse que comprou as passagens e daqui a pouco vai passar aqui para me buscar.
- Meu filho... Não acha que é muito cedo... Muito... Precipitado da tua parte ir viajar com esse rapaz que tu reencontrastes depois de... Sei lá... 5, 6 anos?
- Eu nunca me senti tão bem quanto agora mãe. Estou nas nuvens. Preciso aproveitar essa oportunidade de ser feliz. – e enchi uma mala inteira enquanto conversava.
- Bom, já és bem grandinho. – disse ela já se retirando do quarto. Chegando na porta, se virou e olhou em minha direção.
- Não quero mais te ver sofrer por ele Chester. Só quero tua felicidade.
Veio na minha direção e me abraçou muito forte. Sussurrou um boa sorte no meu ouvido e me ajudou a fechar as malas.

Correndo, desci para o lobby para esperar Theo. Eu já estava cinco minutos atrasado, mas Theo ainda não havia aparecido. Liguei para o celular dele e a chamada caia na caixa postal. Resolvi esperar algum tempo. Várias ligações depois e nada. Minha impaciência estava visível. Andava de um lado para outro, com o celular na mão sem saber se ligava mais uma vez ou esperava que ele retornasse. Mas Theo havia desaparecido totalmente. Faltavam 15 minutos para o trem partir. E eu já estava em desespero. Meu coração estava palpitando e fui obrigado a me atirar na poltrona. Estava suando frio. “Ele me enganou”, pensei eu. “Eu não acredito que estou passando por isso de novo”. E um choro de desespero começa a correr sobre o meu rosto.

Até que meu celular começa a tocar. Era ele.

(continua)

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