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Vol. 22 - Should I Laugh or Cry

Posted by Chester
Após todas as explicações para a polícia, minha mãe chegou, Nunca tinha visto ela com o rosto tão apavorado. Me abraçou e disse que queria falar comigo. Saímos daquela sala e fomos caminhando silenciosamente para um banco no jardim. E era aquele silêncio que me matava.

Depois de tudo o que aconteceu, eu só queria ouvir uma palavra de carinho ou, até mesmo um abraço. Palavras só poderiam piorar tudo. Nos sentamos. Ela olhou para o chão, acho que procurando palavras para me dizer.

- Chester... Eu acabei de ouvir uma história muito estranha... Mas quero ouvir a verdade da sua boca... O que aconteceu aqui meu filho?

Uma lágrima rolou do meu rosto. Foi o suficiente para que minha mãe entendesse que aquilo realmente era verdade. Num primeiro momento, ela jogou o corpo para trás na cadeira, como querendo dizer “não posso acreditar”. Mas vendo que eu estava tão abalado com a situação, ela veio sentar do meu lado e me abraçou. Ficamos ali em silêncio por muito tempo. Muitas lágrimas caíram. Até que, muito tempo depois, só consegui dizer com uma voz chorosa:

- Mãe, não... Eu sei que você nunca vai entender isso... Assim como eu não estou me entendendo... Só queria que a senhora aceitasse...

- Filho, acima de tudo, você é como eu disse: meu filho. Não é fácil para mim como mãe entender o porquê escolheu esse caminho. Mas com o tempo, vou aprender a aceitar...

Um sorriso se abriu no meu rosto.

- Obrigado mãe. - e nos abraçamos.

Theo fora hospitalizado. Estava em coma e com diversas complicações por causa dos cortes que teve pelo corpo (ele acabou caindo sobre os estilhaços da garrafa). Durante algumas semanas, saía do colégio e ia visitá-lo no hospital.

Num desses dias, cheguei lá e perguntei para alguma enfermeira como ele estava. Pelo rosto dela, as notícias não eram boas.

- Esta noite ele passou por uma cirurgia de emergência. Foi algo grave e não havia outra solução... O médico...

Eu, desnorteado, corri para o quarto dele e não esperei para ver o que a enfermeira diria. Entrei, e fui direto para a cama. Peguei na mão dele:

- Theo, acorde, por favor... Acorde!

Seu rosto se mexeu.

- Theo!

As pálpebras começaram a se movimentar, e aos poucos, ele abriu os olhos. Senti uma felicidade inacreditável percorrer todo o meu corpo. E a mão dele apertou a minha.

- Theo, finalmente... Finalmente você acordou!

- Chess... Onde eu estou?

- Você está num hospital. Muita coisa aconteceu... Fique queitinho aí, eu vou chamar o médico.

- Eu preciso ir ao banheiro, vou me levantar...

- Não, fique quietinho, vou chamar uma enfermeira, espere aqui...

Theo, insistente se vira e retira o lençol.

E dois gritos ecoaram por todo o hospital.

(continua)

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Vol. 21 - The Final Cut

Posted by Chester
Meg, furiosa mordeu o lábio até sentir gosto de sangue na boca. Queria entrar e encher de socos aquela garota, mas sabia que sozinha não conseguiria. Sem saber o que fazer, saiu correndo dali para tentar pedir ajuda. Mas se esqueceu do líquido viscoso que continuava no chão e também caiu, sentada. Sentindo a perna e as nádegas dormentes, olhou para trás e viu que Chloe já estava na porta encarando ela.

- Onde você pensa que vai, sua gorda otária?

- Não me toque Chloe! Eu vou contar para todo mundo o que você fez...

- Ah não vai não sua vaca gorda!

Chloe veio correndo na direção de Meg e puxou ela pelos cabelos. Jogou ela com tanta força contra a parede que pude ouvir seu osso do braço trincar. Meg começou a gritar de dor e Chloe, desesperada, começou a chutar sua barriga gritando para que ela parasse.

- Eu vou matar vocês dois, seus monstros! Arruinaram minha vida! Agora vão pagar muito caro...

Tirou um canivete do bolso. E se ajoelhou calmamente em direção a Meg. Olhou com desprezo o corpo dela estendido se contorcendo de dor, a cara de apavorada dela e se preparou para dar a primeira punhalada.

- Isso não vai acontecer! - Theo gritou, enquanto estilhaçava uma garrafa no ombro de Chloe, fazendo com que jogasse o punhal longe. E depois disso a empurrou contra a parede, fazendo com que batesse a cabeça e desmaiasse.

Theo ajudou Meg a se levantar e pediu que esperasse ali enquanto ajudava a me libertar. Theo entra na sala meio tonto, me abraça quase chorando e desamarra as cordas. Theo me da um beijo e fomos em direção a porta.

Ao sair, encontro com Meg toda machucada e a abraço. Mas de repente Meg solta um grito

- Cuidadoooooo...

Theo rapidamente se virou e viu Chloe vindo em sua direção com um pedaço da garrafa estilhaçada. Mas ele não conseguiu desviar e o caco de vidro acabou perfurando seu abdome.

Vendo aquela cena soltei um enorme grito de pavor. Meg me abraçou forte pelas costas enquanto eu caia chorando vendo Theo desfalecido no chão. Ajoelhado, rastejei em direção a ele dizendo que tudo ficaria bem, que ele ficasse queitinho... Eu ia chamar ajuda...

- Chess... Eu te amo, muito.

- Não... Não vai... Eu também te amo, Theo. Fica comigo... Não vai...

- Ficarei... Contigo para semp...

Fechou os olhos.

Chloe, olhando a cena aterrorizada com o que foi capaz de fazer, pegou outro pedaço de vidro e me disse:

- Você nunca seria meu Chester. Nunca me amaria por completo... Adeus! - e cravou o caco de vidro no pescoço e se jogou no jardim.

Eu sacudia insistentemente Theo achando que ele ainda estava ali, gritando e chorando, até que Meg me abraçou por trás e me tirou de perto dele.

- Vamos Chess... Não há mais nada o que fazer... - ela dizia já com lágrimas nos olhos.

E logo depois chegou um dos vigias e viu o que estava ocorrendo e fomos socorridos.

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Vol 20 - She Knew There's Something Goin' On

Posted by Chester
Megan não se sentiu bem o dia inteiro. Desde o momento que não dei a mínima para ela, foi para o seu quarto e ficou lá chorando. Ela achava que eu tinha acreditado que fosse ela a autora dos bilhetes ameaçadores. Mas não agüentou mais ficar pensando mil coisas e resolveu ir atrás de mim.

Como não era permitido entrar no dormitório masculino, Meg entrou escondido. Se alguém a descobrisse por ali, poderia estar numa grande encrenca. Como já era tarde, havia pouco movimento nos corredores. Foi correndo até meu quarto, bateu na porta mas não obteve resposta. Girou a maçaneta e a porta se abriu. Com a luz que entrou do corredor, pode visualizar uma cena macabra. Theo estava atirado ao chão, com o rosto machucado.

Megan fechou a porta, acendeu a luz e se ajoelhou no chão para ver como Theo estava. Tentou acordá-lo e aos poucos recuperou a consciência.

- Megan... O que houve? Aaai, minha cabeça! - gritou.

- Calma! Deite-se de novo e me conte. Quem fez isso com você?

- Eu não sei... Fui atacado pelas costas... Não pude ver quem era...

- E onde está o Chess?

- Ele foi para a biblioteca fazer o trabalho... Ai, minha cabeça! - gemia de dor.

- Eu vou procurá-lo. Por favor, fique aqui e tranque a porta. Tem algo muito estranho acontecendo hoje nessa escola.

Meg ajudou Theo a se levantar e o acompanhou até a porta. Saiu correndo pelo corredor em direção a biblioteca, que naquela hora já deveria estar fechada. Enquanto corria, imaginava mil situações. Acreditou até que poderia ter sido eu que agredi o Theo e que poderia ter enlouquecido por causa dos bilhetes.

Parou de correr, já ofegante, pôde ouvir barulhos estranhos vindos de uma sala de aula no fim do corredor. Caminhando devagar, viu no chão uma espécie de líquido viscoso que brilhava com a luz da lua. E viu um rastro, como se algo havia sido puxado dali. Pisou cuidadosamente longe do líquido e seguiu em direção a sala, se esgueirando pela parede. Começou a ouvir vozes, mas não conseguia entender o que falavam. Foi se aproximando até que um grito a surpreendeu:

- Não toque em mim Chloe! O que você fez com o Theo? Me solta sua maluca!

E logo após um som seco, como se uma cadeira fosse jogada ao chão.

Resolveu então se aproximar da sala. Chegou até a porta entreaberta e conseguiu visualizar pouca coisa. Com a luz apagada, só podia ver o que a luz da lua conseguia iluminar. E bem na frente da sala estava eu atirado ao chão preso a uma cadeira. Desmaiado e com sangue saindo da boca.

Meg rapidamente voltou a encostar-se na parede e levou a mão a boca abafando um grito de pavor.

"Oh meu Deus, ela matou o Chess!", ela pensou.

(continua)

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Vol. 19 - Sickness Love

Posted by Chester
[Deseja ser avisado quando um novo post for publicado? Mande seu e-mail para
chester.surrendering@gmail.com e aguarde o fim dessa história!]

Tem situações em nossa vida que seriam dignas de um filme, ou até mesmo de final de novela mexicana. E parece que tinha chegado minha hora.
Sabe aquelas personagens que são secundárias e que no fim das tramas dão a volta por cima e se mostram os piores vilãos? Pois é... E essa foi a história.


- Eu não acredito nisso... Você! Mas... Por quê?

- Simplesmente... “Chess”, porque me apaixonei perdidamente por você. Desde que entrei nesse colégio não tirei os olhos de você...

- Mas precisava de tudo isso? - gritei. - Precisava me amarrar nessa cadeira e fazer tudo isso? SOCORRO! TEM ALGUÉM AÍ?

- Cala essa boca! Deixa eu terminar a minha linda e triste história...

Pegou um pedaço de fita adesiva e colou sobre minha boca. Depois, sentou-se sobre uma classe e continuou sua história bizarra. Percebi que estava totalmente perturbada psicologicamente pois chorava e ria da situação.

- Pois bem... Durante muito tempo achei que meu amor por você era bobagem, que era coisa de adolescente... Mas o tempo passou e meu amor por você só aumentou cada vez mais... E por mais que eu tentasse tentar entrar na sua vida... Droga! Eu nunca consegui... - e bateu forte com o punho na classe.

(silêncio)

- Bom, eu tentei me aproximar... Mas você sempre estava tão grudado com aquela garota idiota! Até pensei que... Se eu contasse para ela que estava gostando de você, ela pudesse me ajudar... Mas pelo que vi, só piorou pois desde então parece que você tem me evitado cada vez mais... - saiu de cima da classe e veio caminhando na minha direção.

- Mas desde que o tal de Theo entrou no colégio percebi que havia algo muito estranho com vocês dois... Era algo muito estranho... Vocês eram muito queridos um com o outro. Eu sempre sentei na classe logo atrás de você... E aposto que nunca percebeu isso! - gritou, cuspindo saliva na minha cara. Virou-se de costas, levou as mãos à cabeça, sacudindo os cabelos e bufou. Voltou a olhar para mim e disse:

- Até que um dia, li um bilhete que o Theo havia escrito e que você esqueceu sobre a classe. E assim, tive certeza e descobri tudo. - Começou a soluçar descontroladamente, chorando.

Secou as lágrimas com o dorso da mão e continuou, num tom entre a histeria e a loucura...

- Não pude agüentar! Não podia ver o cara que eu amei por tanto tempo em silêncio ficando... Com OUTRO CARA! Meu mundo caiu naquele momento! E isso não poderia ficar assim... Ah não! Se o Chester que eu amo não pudesse ficar comigo, não ficaria com ninguém... Então... Resolvi dar um jeitinho em você e no tal de Theo, que arruinou minha vida...

Tentei gritar alguma coisa, mas a fita me impedia. Só consegui fazer alguns sons estranhos. Até tentei me soltar, mas não sei como ela conseguiu amarrar tão bem aquelas cordas.

Ela vem na minha direção e pergunta:

- Não vai mais gritar?

Fiz sinal negativo com a cabeça e ela arrancou a fita. Vi estrelinhas depois que ela tirou e senti que meu lábio havia se cortado.

- Oh, você se cortou... Deixa eu te ajudar!

- Não toque em mim Chloe! O que você fez com o Theo? Me solta sua maluca!

Só pude sentir uma bofetada no rosto e apaguei novamente.

(continua)

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Vol. 18 - Homeworks, Troubles and Ropes

Posted by Chester
Theo veio e sentou-se ao meu lado. Leu o bilhete e deu um grunhido de ódio.

- Theo, eu não agüento mais isso! Eu ando tão nervoso com tudo! Estou com medo! Não dá para continuar assim...

- Não dá mesmo Chess! Eu tô na mesma situação! Eu tô com vontade de quebrar a cara da sua amiguinha!

- Eu não acredito que você continue achando que foi a Megan que fez isso! Eu não posso estar tão errado... Eu conheço ela tão bem... Ela não seria capaz... - e o choro chegou.

- Ei, calma... - Theo sentou ao meu lado e me abraçou.

- Eu juro que vamos descobrir quem está por trás disso! E essa pessoa, seja quem seja, irá pagar caro!

- Pára Theo! Também não é assim!

- Não vamos brigar tá bom? Vamos fingir que nada está acontecendo... Sei que é difícil, mas... Já sei! Agora, sente bem longe da Meg. Vamos ver a reação dela.

- Eu quero estar errado quanto a isso... Não pode ser ela!

- Acredite, eu também quero estar errado.

Voltamos a aula e dei o maior gelo em Meg. E senti que ela ficou magoada. Mas eu tinha que resolver isso de uma vez por todas.

A aula acabou e o Mr. Roberts deixou um trabalho enorme para fazer e entregar em dois dias. Saí dali e falei por sinais com Theo dizendo que iria até a biblioteca começar o trabalho. Ele fez um sinal positivo e disse que iria para o quarto.

Estava tão envolvido com o assunto do trabalho que acabei perdendo a noção do tempo. Já passavam das 10 horas da noite e já não havia ninguém por perto. Peguei minhas coisas e resolvi sair correndo dali... Os corredores do colégio me causavam arrepios já de dia, então caminhar a noite não era muito confortante.

Como estava correndo, não pude perceber que havia um líquido viscoso no chão. Quando pisei ali, escorreguei e fui de cara ao chão. Senti uma pancada na cabeça logo após a queda, logo perdendo os sentidos e tudo ficou escuro.

Minutos depois, eu acordo com muita dor de cabeça. Olho para os lados e estou em uma sala de aula, praticamente escura, a não ser pela luz da lua que entrava pelas janelas. E só ai percebo que estou amarrado na cadeira. Tanto pelas mãos quanto pelos pés. Olhei para os lados e não via nada. Mas próximo a porta, pude visualizar um vulto. Comecei a gritar.

- Socoooorro! Estou preso aquii!

E da escuridão só pude ouvir um...

- Silêncio! Eles não vão te ouvir...

Essa voz... Eu conhecia essa voz, mas não estava reconhecendo quem era. Era uma voz suave...

- O que você quer comigo? Quem é você? O que eu fiz para você?

(silêncio)

- Respondeee! - gritei.

- O que você fez comigo Chester, foi a pior coisa que você poderia ter feito a qualquer pessoa...

- Mas o que foi que eu fiz? Quem é você afinal? - já choramingando.

E de repente o rosto sai das sombras enquanto fala...

- Você simplesmente... Roubou meu coração!

(continua)

2

Vol. 17 - Wrong way

Posted by Chester
Depois de uma ótima noite dormindo juntos, Theo me acorda para conversar. E falamos sobre o assunto que vinha nos atormentando nos últimos dias. Não andaríamos mais tão grudados, fingindo que estávamos brigados. Aceitei o desafio, mas depois que descobríssemos o culpado dessa história queria que tudo voltasse ao normal. E Theo, me dá um beijo concordando.

Chegamos na aula e nos sentamos um tanto afastados. Meg perguntou o que tinha acontecido e respondi meio alto, para que quem estivesse por perto ouvisse.

- Eu não falo mais com ele. É muito ignorante. Agora, só dividimos o quarto e só.

Eu reparei que Theo me olhou e fez uma cara de quem pouco se importa, mas quando voltou o rosto para frente, notei que ele começou a sorrir.

Algumas pessoas me olharam meio estranho, de cara torta. Haveria muitos suspeitos, mas e agora, qual deles? Durante a aula comecei minha lista. Tinha alguns suspeitos em mente, mas algo me dizia que não era nenhum deles.

Passei o dia inteiro com Meg, enquanto Theo almoçou e jantou sozinho. Estava mal de deixá-lo fazer isso sozinho. Fiquei com vontade de chamá-lo diversas vezes, mas evitei. Queria descobrir logo, essa história já estava me incomodando bastante.

Depois do jantar, voltei para o quarto. Theo já me esperava lá, de pé.

- Eu não agüentava mais esperar! Eu não consigo viver um minuto longe de você! - e me agarrou e nos beijamos enlouquecidamente.

Depois da sessão de beijos, mostrei minha lista para ele. Apesar de conhecer pouco os nossos colegas, achou pouco provável os nomes citados. Havia alguém que tinha um motivo muito sério por trás disso tudo... Mas quem?

Do nada, Theo citou um nome...

- Susie!

Na hora me choquei. Como é que eu não tinha me dado conta disso? Mas será que seria ela mesmo? Motivos ela teria! Mas e agora? Como descobrir se era ela mesmo?

No outro dia comentei com Meg sobre a Susie ser a provável ameaça. Theo não falava mais com ela pois desconfiava que Meg era uma das suspeitas. Meg concordou que Susie teria motivos sim de fazer isso por causa do que Theo disse do nariz dela. E pedi ajuda à ela para descobrir alguma coisa.

Quando voltei para o quarto depois do almoço para pegar um livro, no chão encontro outro bilhete, e para meu susto dizia:

O prazo está se esgotando e isto está virando uma piada! E a verdade quanto a minha identidade está bem longe de ser revelada! Vocês estão na pista errada, mas adoraria ver a Susie sendo culpada!

Nessa hora Theo entra no quarto e me vê sentado na cama com cara de apavorado.

(continua)

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Vol. 16 - Invisible Threat

Posted by Chester
- O que aconteceu? - perguntei enquanto eu e Meg nos levantávamos da mesa.

- É uma longa história, mas deixa assim...

- Deixa assim nada! O que foi que aconteceu contigo Theo? Quem bateu em você?

- Lembra do cara fortão, que joga rúgbi? Pois é, ele é meu primo, James. Achei que poderia ter sido ele que escreveu aquele bilhete, mas falei com ele sobre isso, brigamos e acabei saindo com esse belo olho roxo.

- Ah, coitado. Vamos até a enfermaria. Vamos cuidar desse olho! - e levei minha mão ao rosto dele.

- Não precisa ser tão cuidadoso! Quer que as pessoas realmente pensem que estamos juntos? - e me olhou friamente, afastamdo minha mão com violência.

Só pude conter um choro e sair correndo dali. Meg antes de me seguir somente disse:

- Não precisava ter agido assim Theo, estupidez não vai levar a nada.

Megan me seguiu e nos sentamos no jardim. Falei para ela que Theo havia me tratado muito friamente desde o ocorrido. Me sentia magoado, ferido. Pensei que ele queria enfrentar aquilo junto comigo. Não precisava provar nada para ninguém, mas que ao menos na intimidade, pudesse contar com ele e me refugiar nos seus braços.

Voltamos para a aula e nem olhei para a cara de Theo. Fiquei irritado com toda a situação e se continuasse assim, pediria para trocar de quarto.

No meio da aula, Theo me manda um bilhete.

Quero conversar contigo quando voltarmos para o quarto!

Eu respondi que jantaria com a Meg e iria fazer um trabalho. Só voltaria ao quarto para dormir. Ao ler, não gostei nem um pouco da cara que ele fez. Parecia até que se sentiu aliviado por não me ter por perto. Respondeu somente com um:

Tudo bem. Como quiser.”

Não sou do tipo do cara que se altera facilmente, mas bem que gostaria de ter dado uns belos tapas na cara de Theo naquele momento. Mas me controlei. E segurei o choro.

Quando voltei ao quarto naquela noite, Theo já estava deitado. Havia apenas o abajur ligado e um bilhete sobre meu travesseiro.

Querido Chess, sei que desde que apareceu esse bilhete em nossas vidas que não tenho sido o cara que você conheceu e por quem você se apaixonou. Mas ele continua aqui, dentro do meu coração, por trás dessa máscara que tive que vestir para nos proteger dessa ameaça invisível que pairou sobre nós. Estou lutando com todas as minhas armas para descobrir o culpado dessa história para que possamos voltar a viver aquele amor como antes, sem nos sentirmos culpados por nada. Nós somente nos amamos! Isso é tão ruim assim? Espero que me entenda e que continue me amando, pois isso me dá forças para continuar vivendo cada dia como se fosse o último! Amor, Theo

Fechando o bilhete, só pude sentir seus braços me enlaçando pela cintura e me virando para um beijo.

(continua)

3

Vol. 15 - Where Is That Love?

Posted by Chester
Theo me olha com cara de chocado e imediatamente amassa o papel com raiva.

- Quem fez essa brincadeira idiota? - gritando comigo. - Aposto que foi aquela tua amiguinha...

- A Meg jamais faria isso! Ela não seria capaz!

- Vamos falar com ela então...

Encontramos Meg no refeitório e falamos o que havia acontecido. Ela ficou muito assustada com a situação e ao mesmo tempo com raiva. Ela sabia que se essa revelação fosse feita, eu não seria mais colega dela.

Eu estava prestes a chorar. Theo estava agindo com agressividade, mas eu estava com medo disso tudo. Estava tudo tão bom... E do nada...

Voltamos para o quarto mas naquela noite Theo se manteve distante de mim. Deixei, pois vi que estava muito furioso com toda aquela situação. Mas tudo o que eu queria naquela hora era um pouco de atenção dele. Queria ouvir um “vamos enfrentar isso juntos”. mas só daí saí do meu mundinho de fantasias e entrei na realidade. E o Theo não era um Príncipe Encantado. Nos deitamos e só pude ouvir um “boa noite”. E nada mais foi dito. E uma lágrima teimosa resolveu rolar pelo meu rosto.

Acordei e Theo não estava mais na cama. Me levantei, vesti o uniforme e fui até o banheiro. Achei que ele estaria por ali, mas nada. Liguei a torneira e molhei meu rosto. Olhei para o espelho que havia em frente e um rapaz me observava. Do nada, eu digo:

- Tá olhando o quê cara? Perdeu alguma coisa? - gritando.

O rapaz, olhou atônito e saiu correndo do banheiro. Voltei a me olhar no espelho e vi a expressão de medo que eu estava.

Saí do banheiro correndo. E todos que andavam para o corredor pareciam me olhar... Me olhavam como se estivessem rindo de mim... Pareciam que na minha testa estava escrito “gay”.
Me sentia nervoso, só queria sair correndo dali.

Cheguei ao jardim. Me sentei sob a mesma árvore de sempre e comecei a chorar. O que estava havendo comigo? Por que estava agindo daquela maneira? E Theo, por onde andava? Aquela angústia de não saber o que fazer me corroia por dentro. Me sentia fraco e vazio, como se todo aquele amor que sentia por Theo tivesse sumido...

Na hora do almoço encontrei Megan que também parecia abalada com a situação. Ela não havia gostado que Theo a acusasse.

- Eu não o vejo desde que acordei...

Então Theo chega por trás de nós, com um olho roxo.
(continua)

2

Vol. 14 - You're Unbelievable...

Posted by Chester
Era tudo bom demais para ser verdade. Theo ainda não havia me pedido em namoro, mas é como se já estivéssemos. Era tudo tão legal e tão novo. Me sentia preenchido, minha vida tinha outro sentido. Eu estava tão apaixonado, tão embriagado de amor. Tinha horas que durante a aula, enquanto ficávamos trocando olhares, me dava vontade de me levantar da cadeira e dar um beijão nele, Não me importaria com a turma, com o professor... Só queria mostrar para todo mundo que eu estava muito feliz.

Eu e Theo ficamos a aula inteira conversando por bilhetes. Falávamos de tudo, desde os nossos colegas até coisas um tanto “picantes”. Teve um instante que ele comentou:

Adoro quando você usa a calça do abrigo. Realça tanto o seu bumbum.”

Agora imagine a minha cara lendo isso! Hahaha. Theo era tão aberto à esses assuntos e eu sempre fui mais tímido e retraído. Era difícil dizer qualquer coisa com conotação sexual para ele. Mas sabia que aquilo iria passar com o tempo.

Chegou a hora do almoço. Juntei minhas coisas correndo e eu e Theo fomos correndo (literalmente) até o quarto. Abri a porta, entrei e joguei minhas coisas na cama. Ele fez o mesmo, me virou em direção à ele. Me enlaçou pela cintura e nos beijamos loucamente, como se nunca tivéssemos feito isso antes. Quando paramos, Theo me lembrou que deveríamos manter nosso amor em segredo. E eu sabia que sim. No ano passado um garoto havia sido convidado a se retirar do colégio por manter “conduta inapropriada” nas dependências do colégio. Na verdade, tinha sido expulso simplesmente por ser gay. Concordei com a cabeça, achando chata a situação, mas não havia mais nada que pudéssemos fazer naquele momento. Acabamos nos beijando de novo e, alguns minutos depois saímos do quarto e fomos almoçar com Meg.

Durante o almoço, Meg só falou do filme que ela havia visto no fim-de-semana, Coyote Ugly. Ela havia ficado tão envolvida com a história e falava de um jeito que eu achei que ela iria subir na mesa e dançar como uma Coyote... Hahaha. E pela primeira vez comecei a me preocupar com o que comia. Antes do Theo aparecer, almoçava só porcarias. Mas agora, me sentia na obrigação de ficar bonito para ele. E reduzi bastante a quantidade de comida no meu prato.

No final do dia, eu e Theo fomos até a sala dos computadores para fazer um trabalho. Ele largou as coisas dele sobre a cadeira e pediu para ir ao banheiro, dando uma piscadinha. Comecei a procurar o assunto do trabalho e nem reparei quando ele voltou.

- Ei, que papel é esse aqui em cima da minha pasta? É um bilhetinho? - e olhou apara mim fazendo uma carinha de bobo.

Olhei para ele assustado. Não havia deixado nenhum bilhete. Fez uma cara de suspense e resolveu abrir.

Eu sei sobre vocês dois. E vou contar!

Neste momento, nos olhamos chocados.

(continua)

2

Vol. 13 - Hey! Don't Touch Me This Way...

Posted by Chester
Theo se esticou e apagou a luz do abajur. Voltou a se abraçar em mim e pude sentir o leve tocar dos seus lábios nos meus. Ele comprimiu meu corpo junto ao dele. Minha boca se entreabriu e a língua dele começou a devagarinho entrar por ela. Deixei aquela língua úmida e quente me invadindo. O toque carinhoso entre elas me levava às alturas. E me deixei levar pela emoção do momento. Foi um beijo ardente, mas ao mesmo tempo muito carinhoso. E acho que para dois inexperientes, estávamos muito bem.

Queríamos aquilo (acho que todos vocês leitores também esperavam por isso) mais do que tudo naquele momento. Queria me sentir amado pelo menos uma vez na vida. Theo me segurava pela cintura e com o outra mão me enlaçava a nuca. Me sentia quase flutuando.

Porém aquele beijo que começou muito romântico tomou outro caminho. Theo começou a me beijar mais afoitamente, querendo ir mais adiante. Por gostar muito dele e estar muito envolvido com o momento, fui adiante, deixei que ele continuasse me beijando.

Ele me levou devagarinho para a cama dele, e começou a tirar a camiseta do pijama. Naquela hora deveria pedir para parar, mas meu tesão por ele era maior que a minha razão naquele momento. Tirou minha calça e minha cueca juntas, me deixando totalmente exposto a ele. Tirou as calças e se deitou sobre mim. Continuamos nos beijando feito loucos, porém não sabia o que fazer. Theo levou minha mão até o membro dele enquanto ele pegava no meu. Mas eu estava tão nervoso e confuso com toda aquela situação que acabou não acontecendo nada.

Parei de beijá-lo e ele percebeu. Theo saiu de cima de mim e se jogou do meu lado. Acabei acendendo a luz. Achei que ele estaria chateado por eu não ter conseguido. Ele se virou de lado para mim e me deu um beijo suave.

- Eiii... Não fica assim. Foi tudo muito rápido! Quero que isso seja especial para nós dois! Eu posso esperar... Desculpe por ter feito isso assim...

Sério, esse cara não poderia existir! Quem em tal situação poderia dizer coisa tão maravilhosa! Como retribuição, me virei de lado e comecei a beijá-lo novamente.

Acabamos dormindo juntos e só acordando com o despertador. Olhamos um para o outro e a única coisa que fizemos foi sorrir um para o outro. Nos vestimos e voltamos para nossas atividades normais.

Reencontrei Megan no café da manhã.

- E aí Chess, como foi o fim-de-semana? Sentiu minha falta? Hahaha... Duvido! Essa sua cara de alegrinho me diz que coisas boas aconteceram...

Olhei para Theo e ri. Não precisava dizer mais nada. Megan colocou a mão na boca e fez cara de quem teve uma bela surpresa.

- Então... Vocês... Não acredito! - e mostrou um sorriso enorme, deixando sua cara ainda mais parecida com a de um Shar Pei.

E começamos todos a rir.

- É... Estamos juntos. - disse Theo sorrindo.

E nada mais se falou. Meg me deu uma piscada de olho e mudou logo de assunto.

Iniciaram-se as aulas. Theo me manda um bilhete. Ele me olhou com cara de safado e piscou o olho. Sorri para ele e li:

Adorei a noite de ontem. Gostaria de poder passar todas as noites assim contigo! E com o tempo, vamos mais adiante. Te amo, Theo”.

Nem preciso dizer que não prestei mais atenção na aula.

(continua)

1

Vol. 12 - Hopelessly Devoted to You...

Posted by Chester
Como sempre, achava que nunca Theo iria me beijar. Quando estávamos quase lá, alguma coisa acontecia para atrapalhar. E dessa vez foram duas meninas. Uma loira e outra morena. Ficaram nos olhando por um tempo e elas cochicharam alguma coisa. A morena fez um “sinal com os ombros” querendo dizer que não se importava. E as duas se deram as mãos e saíram a caminhar pelo jardim. Eu e o Theo ficamos com vontade de rir da situação, mas acabamos saindo dali. Ficamos conversando o resto do dia, mas não falamos mais nada sobre o que havia acontecido debaixo da árvore.

Jantamos juntos e voltamos para o quarto. Enquanto caminhávamos pelo corredor vazio, Theo me enlaçou colocando um de seus braços por trás de mim e tentou me beijar. Mas virei o rosto para o lado.

- Está louco! Alguém pode nos ver! - disse rindo, pois não estava preparado para a situação.

- Desculpe! É que eu não agüento mais... Eu quero fazer isso logo! - e sorriu para mim.

Eu estava tão feliz em saber disso e de ver o sorriso dele que se ele quisesse conseguiria me beijar naquela hora mesmo. Mas primeiro fomos para o banheiro. Ele decidiu tomar um banho enquanto eu escovava os dentes. Me veio uma vontade repentina de querer ver ele tomando banho... Enxagüei minha boca e fui caminhando devagarinho em direção as duchas. Comecei a espionar com um olho e... Cadê o Theo?

De repente ele sai de trás dos armários só de toalha. E eu acabei tomando um susto enorme.

- Queria ver alguma coisa é? Não pode esperar não? - ele disse rindo.

Eu não sabia onde enfiar minha cara. Queria que o chão se abrisse e me engolisse naquele momento.

Peguei minhas coisas e fui correndo para o quarto. Nem olhei para trás. Não sei bem o que aconteceu, mas não queria mais estar ali. Entrei e fechei a porta. Pulei na minha cama e fiquei ali. Eu não estava acostumado com essa situação. Eu sequer havia beijado outro cara na boca! Tudo estava acontecendo tão rápido... Eu estava tão confuso...

Theo chegou no quarto e me viu sentado na minha cama com cara de choro. Fechou a porta e veio caminhando em minha direção. Pude sentir o cheiro bom do seu perfume enquanto se aproximava. Sentou do meu lado, passou o braço sobre meus ombros e começou a falar carinhosamente:

- Eeei... Calma! Não foi nada! Eu só queria brincar com você.

- Theo... Eu ando tão confuso com isso tudo...

- Eu sei... Eu também estou... E só há um jeito de termos certeza do que queremos!

Se levantou e ligou o rádio. Procurou uma estação que estava tocando uma música bem romântica. Apagou a luz e ligou um abajur. Voltou até minha cama, me pegou pela mão e me convidou para dançar.

Olhei para ele com cara de “não“, mas acabei cedendo e me levantei. Coloquei as mãos nas costas dele. Mas Theo acabou me puxando contra ele e ficamos bem juntinhos. Ficamos ali, com o rosto colado um no outro enquanto aquela música melosa invadia meus ouvidos e meu coração. Aquela era a hora. Me afastei um pouco e olhei bem dentro dos olhos dele.

Mas...

(continua)

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Vol. 11 - In The Blink of His Eyes

Posted by Chester
Acordei tarde. Parecia que tinha dormido por dias. Me levantei meio sonolento e vi que Theo já não estava no quarto. Meu relógio marcava 11h45. Peguei minhas coisas e fui direto para o banho, ver se eu acordava. Liguei a ducha e fiquei ali, debaixo dela. Fiquei pensando em tudo o que tinha acontecido ontem. E sorri. Theo queria enfrentar tudo comigo. Terminei meu banho correndo pois estava louco para encontrá-lo. Me vesti e saí atrás dele.

Passei por todos os lugares do colégio e não o encontrei de novo. Então, ele só poderia estar em um lugar: no jardim de entrada. Saí correndo até lá e o encontrei. E lá estava ele, no mesmo local, debaixo da mesma árvore, lindo como sempre. E eu fui correndo até lá.

- Nossa, é sempre difícil te encontrar! Acordou cedo? - disse eu rindo.

- Não tanto quanto você, dorminhoco! Tomou café? - e abriu aquele sorriso lindo.

- Se eu pedisse café a essa hora, as tias do refeitório me bateriam com as bandejas! Já é quase meio dia. Hahahaha... Mas estou com fome! - e nessa hora, minha barriga roncou.

- Hahaha... Bom, tenho alguma coisa que espero que alivie tua fome.

E pegou um pacote com uma caixinha de leite e um pacote pequeno com torradas. Fiquei surpreso com a situação. Jamais alguém havia feito isso por mim.

- Não precisava... Eu... Nem sei o que dizer... Obrigado mesmo! - e abracei ele.

- Que isso! Você merece... E come logo! Daqui a pouco já vamos almoçar mesmo!

Nunca comi torradas e tomei um leite tão gostoso! Tinha um gosto tão especial. E do nada, ele passa o braço por trás de mim.

- Eu quero conversar contigo. - e deu uma piscadinha com o olho direito - Mas, depois do almoço.

- Aham... E sobre o que seria? - e olhei para ele com cara de quem sabia sobre o que ele iria falar.

- Espera curioso! - rindo, me apertou contra o seu corpo.

Depois de comer, saímos dali e fomos direto ao refeitório (se continuasse a comer daquele jeito, logo logo seria uma orca!). Almoçamos sozinhos pois não havia nenhum outro conhecido no colégio naquele fim-de-semana. Escovamos os dentes (tá bom, confesso que eu estava com segundas intenções!) e voltamos ao jardim. Sentamos no mesmo lugar e Theo começou a falar.

- Pois bem, seu curioso! Vou começar a falar...

- Que comece, por favor!

- Shhhhh... Hahahaha... Bem, eu... Hã... Eu... Bom, depois de tudo o que eu disse ontem acho que você já sabe mais ou menos o que vou falar...

- Eu... Não sei de nada... O que você falou ontem mesmo? - me fazendo de desentendido.

- Eu gosto de ti!

(silêncio)

- E bem mais que você imagina!

Eu abri um grande sorriso e ele veio na minha direção. Acho que finalmente iria acontecer o beijo que eu esperava tanto.

Mas...

(continua)

2

Vol. 10 - My Rainy Susnset

Posted by Chester
Ele veio caminhando na minha direção.

- Theo... Eu... Eu preciso conversar contigo...

Ele chegou bem perto de mim e se sentou do meu lado. Olhei para ele, mas ele parecia estar com o olhar fixo no nada. E ficamos um tempo assim. Eu não sabia se deveria começar a falar ou me manter calado e esperar que ele pudesse falar alguma coisa. Estava me sentindo frustrado com tudo que havia acontecido até então.

- Chester... - e começou a falar baixinho e calmamente, mas ainda olhando para o nada - Eu jamais imaginei que isso pudesse acontecer comigo. É algo muito estranho o que está acontecendo... Tem certas coisas que eu não gostaria de escolher mas eu sequer tive a escolha. Não ache que está sendo fácil para mim, assim como eu sei que para você não é.

- Mas Theo...

- Deixa eu terminar, shit! - gritou - Por um lado, estou muito feliz. Muito mesmo. Eu encontrei uma pessoa muito legal. Apesar de conhecer você a tão pouco tempo, sinto que já conheço muito de você. Somos muito parecidos. E eu sei porque você sofre. É por tudo que está lá fora nos esperando! Por uma maldita sociedade que ainda insiste em dizer que somos e estamos errados! Que somos os "freaks", os transviados, os...

E ele começou a chorar... Chorar muito, de raiva. E eu não sabia o que fazer. E como tenho um sério problema que me impossibilita de ver outras pessoas chorando, pois eu começo a chorar também, logo lá estava eu também com a cara cheia de lágrimas. Passei o braço sobre ele, que deitou sua cabeça no meu ombro.

E assim ficamos, um bom tempo. Não era o momento para um beijo ou para mais nada. Era algo só nosso. Nossas descobertas. O mundo que viria. Nossos sonhos e nossa realidade.

E nesse instante vi o mais bonito pôr-do-sol da minha vida.

Saímos dalí calados. A noite já chegava calma e fria. Fomos ao refeitório, jantamos e voltamos para o quarto. E poucas palavras foram ditas. Precisavamos de uma boa noite de sono e de coragem, para enfrentar o que viria pela frente.

Saí para escovar os dentes enquanto ele colocava o pijama. Resolvi não insistir no assunto. O dia já tinha sido pesado demais para nós dois. Mas no fundo eu estava feliz! Querendo ou não, ele havia declarado que gostava de mim.

Quando havia voltado do banheiro, Theo estava de pé, me esperando. Olhou para mim, sorriu e me deu um abraço.

- Dorme bem... - me disse perto do ouvido.

E me deu um beijo na bochecha.

Ele foi para a cama dele e se deitou. E eu fiquei alí, de pé...

(continua)

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Vol. 9 - You Only Laid Whispers on my Pillow....

Posted by Chester
I just want to say thanks for all your comments about my blog!
And answering some questions: I can’t write this blog in English because my boyfriend, Ewan, is very jealous and he could think that I’m still in love with this guy, Theo.
Well, I hope that you enjoy it! ;D


Só consegui esticar a mão e puxar meu edredom. Cobri nós dois e ali ficamos. Em pouco tempo peguei no sono. E sonhei coisas lindas. Sentir o calor do corpo dele perto do meu. Dormimos no chão duro, mas a sensação de estar muito próximo de alguém que amamos é bom demais e fez esquecer esses problemas (até mesmo dos roncos dele, que foram altos naquela noite!).
Mas tive um sono leve e pude ver a claridade entrar pela janela quando amanhecia. Seria um bonito dia de sol. E senti também um cheiro estranho... Uma mistura de pizza com Scotch que deixava meu estômago nauseado.

Permaneci ali, deitado aguardando que Theo acordasse. E não demorou muito. Com a luz que entrava, logo abriu os olhos. E a reação não era das melhores.

- O que aconteceu? - e me olhou com cara de assustado.

Pude sentir seu hálito e confesso que meu estômago se revirou mais ainda.

- Acabamos bebendo demais e acabamos dormindo no chão. Só isso. - e sorri para ele.

- Ah... Ok.

Theo fez uma cara estranha. Uma mistura de susto e revolta. Se levantou, pegou um casaco e saiu do quarto batendo a porta. Sem explicação nenhuma. Eu permaneci ali, sentado no chão esperando ao menos que ele voltasse e me contasse o que estaria acontecendo. Mas o tempo passou e ele não voltou. Troquei de roupa e fui ver se o encontraria em algum lugar do colégio. Gostaria de conversar com ele. Queria beijar ele. Queria abraçar ele. Mas ao mesmo tempo, havia algo que me repelia. E queria descobrir o que era isso.

Passei por todos os lugares do colégio por onde imaginei que ele poderia estar. Mas não encontrei em lugar nenhum. Havia chegado a hora do almoço e imaginei que iria encontrá-lo no refeitório. E novamente, ele não estava lá. Comecei a ficar preocupado. Já imaginei mil coisas e achei que eu nunca mais falaria com ele. Com certeza ele iria pedir para trocar de quarto, até mesmo de ala... Fiquei desesperado... Saí correndo para o único local deserto do colégio, o jardim da entrada.

E lá comecei a chorar. Chorei desesperadamente. Gritava, rugia, chutava as pedras.
Me joguei na grama de joelhos e fiquei ali. Pensei em tudo o que estava fazendo, em tudo que estava acontecendo.

Me levantei e me sentei ao pé de uma árvore. Um vento frio começou a soprar e folhas caíram sobre mim. E por trás das “chuva” de folhas, apareceu o que eu mais desejava e ao mesmo tempo o que eu não queria ver. E seus olhos me diziam que ele também andou chorando.

(continua)

2

Vol. 8 - Oops! I never did it before...

Posted by Chester
Voltei do banho correndo. A noite chegava muito fria e chuvosa, fazendo com que eu quisesse cada vez mais ficar no quarto. Abri a porta do quarto e só pude ver Theo correndo e escondendo alguma coisa debaixo do travesseiro. Fiquei curioso, e perguntei o que era e só tive como resposta:

- Nada, depois te digo. Vamos logo pedir a pizza? Estou começando a ficar faminto!

- Ok, vamos... - mas não gostei muito da situação.

Ligamos e pedimos a pizza. Deixamos o dinheiro com o Mr. Jones, o porteiro, e dissemos que viríamos pegá-la quando chegasse.

Voltamos ao quarto e começamos a conversar. Falei de muitos podres do colégio e que ele escolheu mal a amizade, pois eu e a Meg éramos as “piores companhias” do colégio.

- Olha, se você é uma má companhia eu não sei... Mas não tenho reclamações por ter te conhecido e convivido contigo. - disse todo meigo.

- Hã... Bom... Então tá... Hehehe... Bom saber! - respondi sem graça.

Estava perto da hora da pizza chegar. Fomos até a portaria e ela já estava lá nos esperando. Mr, Jones nos entregou e disse algo que eu não sei se não entendi ou me fiz de louco:

- Se comportem meninos! A noite está fria!

- Obrigado Mr. Jones. Boa noite! - Theo falou (e acho que se fez de louco também!).

E voltamos correndo para o quarto. Mas me esqueci de comprarmos algo para beber. Poderia ir até o refeitório e pegar algumas latinhas, mas Theo não deixou.

- Eu tenho algo para beber aqui... - foi em direção ao travesseiro. Tirou dali uma garrafa de Scotch.

- Sinceramente, eu preferia uma Coke. - disse desapontado.

- Vamos beber um pouco! Só para ficarmos mais descontraídos... Não vou embebedar você! Não se preocupe! É só um pouco!

- Tá bom...

Eu nunca havia bebido nada alcoólico na minha vida. Meus pais eram totalmente contra bebidas em casa e mesmo em ocasiões especiais eles não me deixavam beber. Ficaram traumatizados depois que um primo morreu atropelado por estar muito embriagado. E no fundo, eu estava com curiosidade de saber como era.

Theo serviu em um copo e me entregou. Bebi um gole e... Nossa, aquilo era muito forte! Mas para fingir que estava gostando, tomei outro. E assim foi a noite inteira. Conversávamos sobre bobagens, comíamos a pizza e bebíamos.

Quando a garrafa já estava pela metade, fiz um comentário extremamente desagradável sobre Theo.

- E você que ronca, baba e solta pum enquanto dorme!

Ele começa a gargalhar e vem para cima de mim com o travesseiro.

- Quer dizer então que o Mr. Von Der Browgh anda me olhando enquanto durmo... - e me deu uma travesseirada.

Tonto do jeito que já estava, fui ao chão. Fui tentar me levantar e Theo veio por cima de mim e me empurrou de volta. Prendeu meus punhos com as suas mãos e me deixou imobilizado.

- E agora, quero ver você fugir! - riu.

E ficou me encarando sério. Nossos olhos se encontraram. Achei que naquela hora sairia um beijo. Ele virou um pouco o rosto, fechou levemente os olhos e tentou se aproximar. Mas acabei recuando, assustado.

- Tá, agora me solta! - pedi nervoso.

- Tuuudo bem...

Theo se jogou no chão do meu lado, mas deixou o braço sobre meu peito. Só percebi que tínhamos bebido demais quando olhei para a garrafa pela metade e quando ele se virou e tentou me abraçar. E assim ficou.

(continua)

2

Vol. 7 - Troubles, Pizza and ...

Posted by Chester
- Mas o que foi que você fez afinal? - perguntei curioso. Jamais esperaria uma atitude assim de ninguém.

- Eu joguei uma bolinha de papel naquela garota chatinha... A tal de Susie ...

Eu olhei direto para Meg. O que será que essa daí fez para Theo agir assim?

- Ah... Mas e porque tu fez isso? O que ela fez?

- Oras, ela riu e cochichou depois que vocês saíram... Não achei engraçado. Então fiz uma bolinha e joguei. Ela gritou, me viu e chamou a Sra. Stevens. E me puseram para fora da sala.

- Não precisava fazer isso, mas foi muito legal da sua parte. Eu não vou muito com a cara dessa Susie mesmo! - Meg falou.

- Bom, vamos logo...

Chegamos à sala do Orientador. O Sr. Dickens era um homem baixinho e careca e muito sorridente. Entramos os três juntos. Explicamos a situação e fomos logo liberados. Mas teríamos que fazer um trabalho adicional para a Sra. Stevens para resolver a situação.

Saímos dali e fomos para o refeitório. E lá estava Susie com Joanne e Lizzie, suas melhores amigas. Patricinhas fúteis e extremamente ricas. Sempre fomos as aberrações do colégio por parte delas. E elas vieram em nossa direção.

- Vão sentar na sua mesinha lá no fundo, freaks! - e saíram rindo.

Só que o que eu menos esperava aconteceu.

- Freak é você, loira desbotada e de nariz mal feito! - Theo gritou.

(Sabe aqueles momentos em que todos ficam em silêncio? Pois é, aconteceu naquela hora)

Só vi Susie virar para trás, olhar para Theo e sair correndo chorando. E suas duas amiguinhas indo atrás. Ele tocou bem no ponto fraco de Susie. No ano passado, ela fez uma plástica no nariz e o resultado não foi o esperado. E como ela teve complicações no pós-operatório, a mãe dela decidiu que ela não deveria fazer outra por pelo menos alguns anos. Mas Theo nem tinha como saber isso.

- O que eu fiz? - perguntou, com cara de que não entendeu nada.

- Vamos para a mesa que eu e a Meg vamos te contar.

Depois de explicar tudo, voltamos para as aulas e nos falamos muito pouco, com medo de ter que fazer mais trabalhos. No fim da tarde, os alunos que iriam passar o fim de semana fora preparavam suas coisas e saíam do colégio. Me despedi de Meg e fui para o quarto. Theo estava lá, deitado na cama rindo com um livrinho de piadas.

- E aí, que vamos fazer hoje? - disse ele largando o livro.

- Eu não sei. Que tal pedirmos uma pizza e ficar aqui pelo quarto mesmo? Na sala de TV eles vão assistir Scream 2. Já viu?

- Sim, fui ver no cinema. Bom, gostei da idéia. E daí você me conta o que se passa nesse colégio. Quero saber aonde estou pisando.

- Claro. E é bom se preparar... Hahahaha! Vou tomar um banho e depois vamos pedir a pizza.

- Tá, vou esperar aqui no quarto. Tenho que arrumar algumas coisas...

- Ok...

Peguei algumas coisas e saí. Mas pude sentir algo de estranho no ar.

(continua)

4

Vol. 6 - I'm in trouble...

Posted by Chester
A aula fluía normalmente até que Theo vira para trás e me joga uma bolinha de papel. Como eu estava fazendo exercícios, recebo uma bolada na cabeça. Theo ri da situação e pede que eu leia, falando só mexendo a boca, sem som.

E no bilhete estava escrito: “Sua risada é tão engraçada. Não agüento você e a Megan juntos. Você fica por aqui nos fins de semana? Esse eu vou ficar por aqui. O que se faz por aqui nesses dias?”

Peguei uma caneta e respondi logo: “Olha, não tem muita coisa para fazer. O porteiro libera a entrega de Pizzas e DVDs e é possível fazer uma sessão na sala de TV. Senão tem a sala de jogos ou as áreas esportivas. A biblioteca fica aberta também. Também vou ficar por aqui. De noite marcamos alguma coisa.”

E joguei a bolinha de papel de volta para ele. Olhei para Meg e vi que ela ficava toda sorridente com a situação. Theo lê, se vira para mim e dá uma piscadinha.

Meg olha para mim e cai na gargalhada!

- Srta. Harrow, algum problema? - disse a professora, Sra. Stevens, irritada.

- Desculpe Sra. Stevens, é que o Chester está fazendo gracinhas!

- Hã? Mas... - e me fiz de desentendido.

- Por favor, os dois se retirem da sala e vão até a sala do orientador. Agora!

- Mas...

- Nada de "mas", Sr. Van Der Browgh. Retire-se imediatamente. - disse furiosa. - Espero que aprenda a não rir mais nas minhas aulas.

Só olhei para Meg nessa hora e queria fuzilar ela. E a garota ainda fica sorrindo para mim! Ah, que vontade de esganar ela!

Saímos da sala e a professora bateu a porta. Meg ria tanto que quase chorava. E eu xingando ela de tudo que era coisa!

- Você está louca? O que você queria? Quer que expulsem nós dois desse inferno mesmo?

- Calma Chess! Eu não agüentava mais aquela aula. Acho álgebra uma chatice, mas essa professora me enlouquece! E além de tudo, acho que vamos ter um casamento em breve-e-e!!! Hahahahaha

- Ah, cala a boca Megan! Não achei graça nenhuma! E não tinha outro jeio mais fácil de fazer isso? Por que não pediu para ir no banheiro? Não era mais fácil? - ainda irritado. Olhei bem sério para ela e logo o sorriso se transformou em uma espécie de medo e tristeza.

- Bom, fazer o quê? Vamos lá ver o Sr. Dickens logo. - disse emburrado.

- Desculpa Chess! Não foi por querer...

- Tá bom! Mas me deve uma barra de chocolate! Hershey's, de preferência"

- Hahahaha... Claro, te trago na segunda!

Estávamos andando por um corredor quase chegando na sala do Orientador, quando ouço alguém nos chamando. Viro para trás e vejo Theo correndo. Ele chega até nós, se apoia em mim ofegante, e diz:

- Não podia deixar vocês dois se darem mal se a culpa de tudo foi minha.

- Nada a ver Theo. Volta para sala! Isso tudo é culpa da Megan! - e olhei bem sério para ela.

- Só que eu não posso voltar para a sala. - disse com cara de travesso. - Eu também fui expulso!

(continua)

2

Vol. 5 - Baby, When The Lights Go Out...

Posted by Chester
- Wow! O que você está fazendo aí? - falei assustado. - Quer me matar do coração?

Vi que ele também se assustou com a minha reação.

- Bem... Hã... Desculpe! Eu ouvi você chorando e fiquei aqui para tentar conversar contigo. Me conte, o que está acontecendo?

Liguei a luminária, puxei meu edredom e me sentei no chão ao lado dele com as costas encostadas na cama.

- Posso me enrolar junto contigo? Está frio! - ele pediu.

- Ah... Claro!

Me ajeitei no edredom e ele sentou do meu lado. Ficamos ali enrolados enquanto eu pensava no que falar. Mas Theo logo deu um jeito de puxar assunto. E foi com o dedo bem em uma das feridas.

- Eu notei que você não tem muitos amigos. Espero que você não seja daquele tipo não-sociável.

- Nossa, me conheceu hoje e já está tirando conclusões? - falei agressivo.

- Desculpe, mas é que... Ah, deixa para lá!

(silêncio)

- Eu só queria dizer que agora você tem um amigo, ok?

E passou o braço por trás de mim.

Estava tão chocado com a situação que não falei nada. Queria me virar, olhar nos seus olhos e dar aquele beijo que eu sempre esperei. Aquele beijo de cinema, com direito à música de fundo e tudo mais.

Mas daí o sonho acabou.

- Agora levanta já daí, dá um sorriso e vamos dormir! Amanhã quero que me mostre o resto do colégio! - e me sacudiu pelos ombros.

Porque as pessoas tem a maldita idéia de me sacudir, puxar, empurrar? Acho que em outra vida, nasci um saco de pancadas!

Dei um sorriso e ele retribuiu.

- É isso aí! Ânimo!

- Tá bom... Tá bom... Agora, vamos dormir.

- Ok.

Apaguei a luz e fomos dormir.

Tive um sonho bem estranho naquela noite. Sonhei com a Cher me pedindo um café pois estava muito cansada de caminhar na Selfridges (desde quando uma “mulher” rica como a Cher, compra em lojas de departamento?). Como sempre, lá estava eu tendo meus sonhos malucos e sem lógica.

Acordei cedo, e comecei a vestir o uniforme.

- Bonita cueca! Hehehe... Também gosto do Homem-Aranha.

- Ah... Hehehe - que comentário mais idiota! Já vi que o dia seria estranho.

Fui ao banheiro enquanto Theo se trocava. Enquanto escovava meus dentes, ainda não acreditava que eu estive sentado lado a lado com ele debaixo do meu edredom. Eu tinha que falar com a Megan!

Fui para o mictório e Theo, que já estava no banheiro, foi junto. Estava tranqüilo até que viro para o lado e vejo ele tentando olhar alguma coisa.

- Ei! Procurando alguma coisa?

- Hã... Ah desculpa... Só curiosidade.

- Hmpf! Tá bom! Vamos logo tomar café.

O refeitório era um grande salão cheio de mesas. Como nos filmes teen americanos, também éramos divididos em grupos. Eu pertencia ao dos “semi-nerds-estranhos”.

Sentamos na mesa, Theo, Megan, Paul e eu. Falamos sobre coisas bobas, do tipo se as “Spice Girls” deveriam lançar outro CD agora que são só quatro e e que as músicas das "All Saints" eram chatas e outras coisas idiotas assim.

Fomos para aula. Theo sentou próximo a Meg e eu. Ela passou o tempo todo me passando bilhetinhos perguntando se eu já sabia alguma coisa dele. Eu respondia que não, mas que uma coisa muito estranha tinha acontecido ontem à noite. Quando Meg leu aquilo, a cara dela era uma mistura de espanto com felicidade. Como Meg era gordinha, quando ficava muito alegre, a cara dela parecia um Shar-Pei. E eu sempre acabava rindo. Da cara dela, claro!

Theo, que ouviu nossas risadas se virou para trás e fez “Shhh” sorrindo, de brincadeira. E vendo ele sorrir, realmente descobri que estava apaixonado por ele.

(continua)

1

Vol. 4 - My World Upon My Shoulders

Posted by Chester
Theo estava ali, ligando uma ducha próxima da minha.

- Nada como um bom banho antes de dormir não é mesmo... - ele falou enquanto molhava os cabelos. Eu só consegui pronunciar um “hmm hum” quase inaudível.

Eu não pude me conter e tive que olhar para ele.

Eu já havia visto a maioria dos meus colegas nus, mas jamais senti alguma coisa por nenhum deles. Principalmente porque eu sabia que nunca poderia ter nada com eles. Mas com Theo era diferente. Existia algo muito forte que me atraia nele. No fundo eu sabia que ele queria alguma coisa.

Olhei de relance e pude ver as costas dele. Tinha um corpo definido e bonito. Naquela hora desejaria ser a água que escorria pelas suas costas. Olhei para seu bumbum e... Com vergonha, desliguei minha ducha, me enrolei em minha toalha e fui em direção aos armários. Me sequei rápido, com medo de que ele aparecesse e visse o estado que eu havia ficado. Vesti um abrigo e fui correndo para o quarto.

Entrei e fechei a porta. Estava ofegante. Vesti um pijama e peguei um livro sobre minha mesa e me deitei na cama. Fiquei imaginando a cena em que eu vi o corpo dele, enquanto fingia que lia o livro. E tive que me cobrir com o edredon.

Algum tempo depois ele entra, olha para mim e diz:

- Ei... Poderia me avisar que ia sair... Eu fiquei falando sozinho!

Tirei os olhos do livro e respondi:

- Desculpa, não foi minha intenção. Estou com alguns problemas e estou meio abobado hoje.

- Alguma coisa que eu possa ajudar? - e veio todo atencioso em direção a minha cama.

- Infelizmente, não... É um problema pessoal. - e dei um sorriso sem graça - Mas, obrigado pela preocupação.

Ele se virou e perguntou se poderia apagar a luz, pois o dia foi cansativo.

- Claro, só deixa eu pegar meu diskman.

Larguei o livro na mesa de cabeceira e peguei meu diskman.

Com as luzes já apagadas, me virei para o lado da parede e comecei a ouvir uma música triste qualquer. E não demorou muito para que as lágrimas chegassem.

Chorava feito uma criança que não ganhou o presente que queria. Mas chorava baixinho, só para mim. Não queria que Theo ouvisse, pois era por ele que chorava. Era também por ter me descoberto como gay, era pela reação dos meus pais e era principalmente, como eu enfrentaria o mundo a partir de agora. Eu não estava preparado para tudo isso. Ainda mais quando tudo caiu sobre minha cabeça!

Mas quando menos esperei, me virei na cama e vi o vulto de Theo, sentado no chão me observando chorar.

(continua)

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Vol. 3 - Get Lost, Chess!

Posted by Chester
Durante os 10 anos que já havia estudado naquele colégio, eu sempre tive o mesmo colega de quarto. Seu nome era Jamie e era um cara insuportável. Sempre se metia em problemas e fumava dentro do quarto. Ele sempre recebia advertências mas nunca era expulso do colégio. Mas parece que dessa vez, ele não conseguiu escapar. Rolava uns boatos de que ele teria tido um envolvimento amoroso com a secretária do diretor. O que eu não imaginava é que nem as coisas dele estavam mais no meu quarto. E que nem eu já tivesse um novo companheiro (de quarto).

- Você poderia me ajudar a chegar lá? Não tenho a mínima idéia de onde poderia ser meu quarto.

- Acho que vamos ser colegas de quarto, então é fácil te dizer com certeza onde é.

- Vamos ficar no mesmo quarto? - Theo falou meio espantado.

- Isso parece esquisito, mas sim... O quarto 42 do Inverno também é meu!

- Nossa, legal...

Chegamos ao Inverno. Mostrei a ele como aquele prédio era feio e velho. Como as aulas já tinham começado, os corredores estavam vazios. Finalmente chegamos ao quarto. Não era nada de mais. Duas camas e dois closets. O banheiro era coletivo e haviam 2 por andar. Ele achou o quarto super legal, mas para mim, era o meu inferno!

- Qual é a minha cama?

- Se você não quiser dormir na minha, a sua é a da direita. - disse brincando, mas com um fundo de verdade.

Mas a cara que ele fez foi de quem não gostou da brincadeira.

Como já tínhamos perdido a aula, resolvi ficar no quarto com ele. Falamos sobre o tempo, sobre o colégio e tudo mais. Até que estava perto do próximo período começar e fomos para a sala. E novamente a coincidência. Ele faria comigo quase todas as minhas aulas. Durante o resto do dia, nos falamos pouco. Ele começou a conhecer o resto da turma e me esnobou. Fiquei com Meg o resto do tempo, falando sobre ele.

- Tá, mas e aí? Você acha que rola alguma coisa?

- Olha, acho que dali não sai nada. Ele até já tá falando com o pessoal do Rúgbi. - Falei e olhei em direção aos jogadores desapontado.

- Talvez de noite você descobre mais alguma coisa sobre ele!

Notei que Meg queria me empurrar para ele, mas eu já estava desapontado o suficiente para sequer investir em algo tão arriscado e incerto.

- É, pode ser... - respondi chateado.

Após o jantar, fui tomar banho, pois era o horário que as duchas estavam vazias. Já estava nu, debaixo do chuveiro. A água estava bem quente e nada melhor do que um bom banho para esquecer as bobagens que eu tinha pensado o dia inteiro.

Mas do nada, percebo que não estou sozinho.

(continua)

3

Vol. 2 - The Greatest View

Posted by Chester
Meg tentou falar alguma coisa, mas as palavras não saiam de sua boca. Até que...

- Tá brincando, né?

-Não Meg, não tô não! - já achando que foi o maior erro da minha vida.

- Hmmm... Bom, eu só vou ter que dizer a Chloe pra parar de me incomodar!

-Como assim? O que a Chloe tem a ver com isso?

Ela me olhou com cara de bobona e disse:

- Tá na cara, seu tapado! Ela gosta de ti!

- A Chloe, afim de mim? Meg, é mentira, não é?

Meg me olhou nos olhos, riu e me puxou pelo braço, como ela sempre fazia.

- Não te preocupa. Eu vou continuar sendo tua amiga, não importa o que você escolha. Só quero te ver feliz!

-Tá, e a Chloe? Não vai contar isso para ela, vai?

-Claro que não bobão! Isso fica só entre nós! A não ser que...

-Nem pensar! Isso é segredo! Só entre nós!

Naquela hora fiquei com vontade de chorar. Sempre achei que a reação das pessoas seria sempre ruim num primeiro momento. Mas Meg mostrou que eu estava enganado.

- E vamos parar com esse chorinho porque vamos achar um cara bem bonito para ti. Prefere o Elton John ou a Cher?

- Como assim? Porquê a Cher?

- Primeiro que os gays adoram ela e segundo é porque eu sempre achei que ela fosse homem! - gargalhando.

- Nossa, se essas duas “coisas” são bonitas pra ti, tenho a opção de ficar solteiro também?

Entramos correndo no pátio do colégio. Era outono e havia muitas folhas secas pelo chão. Do nada, uma rajada de vento joga um monte de folhas para cima de nós, enchendo meus olhos de terra. Sem poder enxergar, saio caminhando atrás de Meg para que me ajude, mas acabo de encontro em alguém e caímos juntos no chão.

- Meg, sua idiota! Porque não olha por onde anda... - Saí gritando, como se tivesse razão.

Mas daí eu percebi que não era Meg.

A coxa dela não era tão grossa e firme. “Opa!“, pensei.

Pisquei muito os olhos até que consegui ver . E não poderia ser nada melhor. Era o cara mais bonito que já tinha visto naquele colégio até então. Vendo que eu estava meio abobalhado com a situação, ele me ajudou a levantar.

- Tudo bem com você? - disse, mostrando um sorriso de comercial da Colgate, enquanto tirava folhas da sua calça.

- Hã... Sim... Ah, claro...

- Eu sou novo por aqui. Meu nome é Theo. Acabei de chegar no colégio.

Eu nem sabia o que dizer para ele. Meus olhos ainda ardiam e só pude ver Meg me olhando de longe com um ar de riso na cara e fazendo um sinal de positivo.

- Ah... Legal. Já sabe onde vai ficar?

No colégio haviam duas alas masculinas (Autumn e Winter) e duas femininas (Spring e Summer), além das áreas comuns. E eu, sortudo como sou, ficava no Inverno, que com certeza, era a pior. Pegava pouco sol e tinha os piores banheiros.

Abriu um papel que estava numa de suas mãos.

- Aqui diz que ficarei na Ala Winter. Quarto 42.

- Hã? - e fiz a maior cara de babaca.

Era bom demais para ser verdade!

(continua)

4

Vol. 1 - Discoveries

Posted by Chester
Fiquei sabendo pelo meu amigo Arthur Ferraù que estou fazendo muito sucesso no Brasil, por isso iniciei este blog. Quando eu tenho um tempo, escrevo e mando as histórias para ele, que traduz para o português. Sonho no dia que poderei conhecer o Brasil que o Arthur tanto me fala. Mas enquanto isso, vocês ficam me conhecendo primeiro. Bom, vou me apresentar!


Olá. Sou Chester Van Der Browgh. Nasci Em uma pequena (muito pequena) cidade no interior do País de Gales. Mas ainda pequeno, me mudei para o norte da Inglaterra. Passei minha adolescência lá e me descobri. Mas por ter nascido em uma família super religiosa e crescer em uma cidade com pensamento um tanto retrógrado, foi difícil cada etapa da minha descoberta pessoal. E até hoje, ainda estou me descobrindo.


Estudei toda a minha vida em um colégio interno. Grande parte do meu tempo ficava lendo, ouvindo música ou na internet, já que minha relação com meus colegas nunca foi muito boa... E falava tão pouco com meus pais que não sei se sentia a falta deles ou não. Mas eu tinha uma colega muito legal chamada Megan e era uma das poucas pessoas com quem eu conversava. Um dia, eu estava na sala de computadores...


-Quando é que você vai sair dessa sala e pegar um sol comigo? Não é porque estamos nessa prisão que vamos ficar albinos!


-Ai, Megan! Quando eu encontrar as respostas que eu preciso eu juro que vou até na praia contigo! - Respondi ironicamente, já que nunca gostei muito do sol.


-Chester, já te mandaram pra bem longe hoje?


-Não, mas... Bem que eu queria ir - respondi sussurrando.


-Então vamos! - Megan me pegou pelo braço e me arrastou pelos corredores do colégio.


Meu colégio foi construído em 1873. Ou seja, estava caminhando naqueles corredores com mais de 100 anos. E eram assustadores! Duvido que até o mais valentão dos meus colegas caminhasse por ali de noite. Hogwarts era a Disneyland comparado com o Nort Harrow Public School


Chegamos ao jardim de entrada, o lugar mais vazio do colégio. Megan me jogou em um banco e já foi logo dizendo:


- O que está acontecendo contigo hein? Está tão estranho, e agora, vive dentro daquela sala na frente dos computadores! Não fala mais comigo durante as aulas e passa com essa cara de otário o resto do dia!


- Nossa, obrigado!


- Onde está aquele Chester que eu conheci, sempre sorrindo e rindo das besteiras que os outros faziam? Cadê? - Megan começava a ficar irritada com a situação.


- Eu estou com problemas, shit! Estou mal! Dá um tempo! - e me levantei.


-Volta aqui Chess! Vamos conversar... O que houve de tão grave assim... - somente Megan me chamava assim, também em referência a calça xadrez do uniforme.


Eu não sabia se era hora de falar, mas como aquilo me consumia por dentro...


- Meg, eu acho...


- Fala, Chess! - vi que ela estava irritada e com as bochechas coradas. Resolvi arriscar.


- Meg, eu acho que gosto de meninos!


(silêncio)


Se vocês pudessem ver a cara que ela fez...


(Continua)

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