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Vol, 15 - Forever Mine

Posted by Chester
Não havia como resistir àquele sorriso. Eu não consegui evitar sorrir também. Theo me pegou pelos ombros e me sacudiu. “Você está maluco? Sair assim, correndo? O que foi que eu fiz?” E eu simplesmente sorrindo. Theo achou que eu estava debochando dele e fez cara de irritado. Vendo isso, minha reação foi a de puxá-lo pela cintura e beijá-lo com força. Ele tentou resistir, mas acabou se rendendo e se abraçou em mim. Pude sentir que estava alto do chão. Theo era o amor da minha vida e não havia como fugir disso. Aos poucos fomos voltando à realidade e ele me pegou pela mão.
- Vamos. Deixei o Henry sozinho só para vir atrás de você. Por favor, volte para casa comigo.
Não tive como não resistir àquele pedido.
- Vamos então. Vou cancelar o café com o meu amigo. E até porque tenho que pegar minhas chaves e minha carteira que ficaram na sua casa.
- Vou esconder isso assim que chegar em casa então como pretexto para que sempre volte então. – zombou Theo.
Só dei uma risada com resposta. Pegamos o metrô e viemos abraçados até a estação. Chegando na rua, fomos correndo para a casa dele como crianças num parque de diversão até que eu caísse um tombo na frente da portaria do prédio. Theo me ajudou a levantar e fomos rindo até a porta do apartamento.
- Fique aqui na sala enquanto vou ver como o Henry está. Não se mova! – e pegou as minhas chaves que estavam sobre o aparador. – Só para garantir...
- Eu vou ficar aqui... Não se preocupe.

Me sentei no sofá e comecei a ver o que estava passando na TV. Do nada, Theo pulou por cima do sofá e caiu sentado do meu lado. Chegou bem próximo e já foi me abraçando.
- Agora você não escapa mais... – disse com os lábios quase colados aos meus.
- E quem disse que quero escap...
Fui interrompido por um beijo. Eu sabia para onde esse beijo iria me levar, e eu deixei. Estava na hora de tentar novamente. Deixei que os fantasmas que vagavam minha mente se fossem e passei a sentir somente as mãos de Theo pelo meu corpo. Eu estava descobrindo meu corpo. Cada toque, cada carícia, me deixava enlouquecido. Eu desconhecia aquilo. Nem parecia que eu havia feito alguma coisa com o Theo há anos atrás. Logo estávamos quase nus e ele me pega pela mão e me levou para o seu quarto. Tempo depois, ainda ofegantes, nos deitamos um ao lado do outro e nos preparamos para dormir. Abracei Theo e não pude evitar que uma lágrima caísse. Mas, pela primeira vez na vida era uma lágrima de felicidade.

(continua)

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Vol. 14 - Everything is changing,,,

Posted by Chester
Ainda sem reação e após uma longa conversa, Ygor e eu estávamos em dúvida se deveríamos ou não denunciar Stephen a policia. Imaginamos que seriamos discriminados e o crime não se resolveria, já que Ygor chegou com uma informação nova: o pai de Stephen era um membro do alto escalão da Scotland Yard. No fim, deixamos a situação como estava e decidimos que caso ele voltasse a aparecer, entraríamos em contato um com o outro e tomaríamos alguma atitude.

Logo Ygor saiu da minha casa, deixando claro assim que nossa amizade nunca mais seria a mesma, e assim foi, já que ele não entrou em contato nas semanas seguintes.
Num sábado à tarde, minha mãe me vendo atirado na cama me disse:
- Acho que já chega de ficar só em casa não é, Chester? Arranjei um trabalho para você na empresa de intercâmbio da Mrs. Gershner. Você começa na segunda e não quero ouvir nenhuma reclamação dela.
- Ah, obrigado mãe... Principalmente por ter me consultado.
- Sem problemas. Vou sair com o pessoal da Igreja. Qualquer coisa, me liga.


Aproveitei que o dia estava bonito e fui dar uma volta no parque que havia perto de casa. As ruas estavam calmas e nem parecia um dia normal. Imaginei que o parque estaria lotado de pessoas pegando um solzinho e não me enganei. Chegando lá me deparo com um parque lotado e pouco espaço na grama. Comecei a caminhar pela trilha enquanto observava as crianças brincando na grama. Até que mais à frente, vi pessoas correndo e alguns gritos. E eram próximos aos banheiros públicos. Chegando mais perto, vejo Stephen entrando no carro da polícia e logo atrás dele um menino, que parecia não ter mais que 16 anos a chorar. Imaginei logo o que poderia ter acontecido e saí dali antes que ele pudesse ter me visto. Embora a pena do rapaz me corroesse por dentro, o sentimento de ver Stephen sendo punido foi maior e de certa forma um alívio tomou conta de mim. Saindo dalí, mandei uma mensagem de texto para o Ygor contando o que acontecia e só recebi de resposta um “Ainda bem. Estamos vingados.” Decepcionado com a resposta, voltei para a casa e passei o resto do fim-de-semana descansando.

(continua)

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Vol. 13 - Stop... In the name of love...

Posted by Chester
Theo rapidamente atendeu a porta. O gordinho baixinho que havia feito a entrega muito me lembrou um primo da Megan que havia conhecido nos tempos de colégio. Parecendo estar com pressa, Theo arrancou a pizza das mãos do rapaz e entregou uma cédula com quase o dobro do valor do pedido. Após fechar a porta, Theo me olhou e viu que eu estava com uma cara estranha pela situação. E ele só respondeu:
- Estou faminto! Venha, me ajude aqui. - indo em direção a cozinha.
Me levantei devagar e fui atrás dele.
- O que você quer que eu pegue? -perguntei.
Ele surgindo do meu lado responde:
- Essa pessoa aqui.
Pegou minhas mãos e levou até a cintura dele enquanto ele me enlaçava com um braço a cintura e a outra mão por trás da minha nuca me puxando para um beijo. Olhando nos meus olhos, ele diz:
- Eu te amo, sempre te amei e para sempre vou te amar, Chester Von Der Browgh.
Minhas pernas ficaram bambas e eu não pude resistir àquilo tudo. Puxei ele pela cintura e nossos lábios se tocaram. Não sabia que ainda poderia sentir a mesma sensação do nosso primeiro beijo. Foi tão forte e... quente. Sentir o corpo do homem que eu amava contra o meu causou um arrepio em cada pelo do meu corpo. Nossas línguas se tocavam serenamente, mas vigorosas, repletas de desejo e paixão. Mas de repente eu abro os olhos, e como num susto, o afasto de mim com as mãos.
- Pare! Pare... Por favor... – gritei nervoso – Não posso... Eu...
Peguei meu casaco que estava próximo da porta e puxei a maçaneta. Theo colocou a mão a fim de evitar que eu saísse.
- Espere...
Puxei a porta com mais força e saí. Desci correndo as escadas. Não queria que ele me seguisse. Estava transtornado com aquilo tudo. Descia tão rápido que diversas vezes quase tropecei e caí. Não dei tempo ao porteiro de abrir a porta e saí correndo em direção ao metrô. Pude sentir que Theo estava logo atrás de mim, mas parecia ter desistido no lobby do prédio.
Entrei na estação e desabei a chorar. Não entendia o porquê chorava e tinha feito tudo aquilo. Por que havia deixado Theo daquela maneira? Eu não o amava mais? O que estava acontecendo?
Desci do metrô e imediatamente liguei para o meu amigo Arthur. Eu precisava conversar com alguém.
- Oi Arthur, é o Chess. Tem um tempinho para mim?
- Oi Chess. Não não... A noite tá cheia. Tenho uns 10 programas! – e gargalhou – Brincadeira. Pode falar!
- Bobo! Pode me encontrar ali no café? Aconteceram muitas coisas nessa última semana e eu não consegui contar a você.
- Hmmm... Sinto cheiro de carne nova. – disse ele debochando.
- Acho que tá mais pra carne velha... – falei tentando entrar na brincadeira.
- Xiii... OK. Em meia hora estarei ali.
- Perfeito, até mais!

Pensei em dar uma passada em casa para pegar um par de luvas, pois minhas mãos estavam congelando. Chegando à frente do portão, procuro as chaves no bolso e logo percebo que elas não estão ali. Começei a apalpar todos os bolsos desesperado achando que perdi a chave até que cheguei à conclusão que havia deixado na casa de Theo. E não só as chaves como também minha carteira. Enfurecido, chuto e bato no portão. “Eu não acredito que terei que voltar lá!” - balbuciei. Só me restou ir para o café e esperar até minha mãe chegar para entrar em casa. Fui caminhando pela rua e na saída do metrô encontro Theo ali de pé. A cara de susto logo se transforma num lindo sorriso e eu não tive como resistir... E fui até ele.
(continua)

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Vol. 12 - Bloody lines

Posted by Chester
Eu não sabia o que fazer. A tontura que sentia por estar vendo meu corpo sangrar me impediu de tentar ligar para alguém. Logo a minha visão ficou turva. E desmaiei.
Horas depois acordo com meu celular tocando. Era Megan.
- Meg, por favor, venha logo, preciso de ajuda!
- Chess, o que houve?
- Não faça perguntas. Venha ao meu apartamento o mais rápido possível.

Enquanto ela não chegava, me enrolei em uma toalha e evitei de olhar para o local onde a cadeira estava. Já não sentia mais que o sangue continuasse correndo. Só sentia minhas pernas grudentas, mas não queria olhar. Eu estava tremendo com tudo aquilo que aconteceu. Quando o interfone tocou, senti uma sensação de alívio. Megan finalmente havia chegado, pensei.
- Chester, aqui é o Ygor. Precisamos conversar.
- Ygor... É... É que escolheu uma péssima hora... Eu... Eu...
- Chester, por favor, abra a porta.
Sem noção da realidade, acabei cedendo. Abri a porta quando a campainha tocou e Ygor veio logo me abraçando.
- Chess, eu... Preciso me desculpar com você. Tem algo aí para beber... Eu preciso de uma dose...
- Ygor, eu... Espere. - e nem percebi que estava só de toalha.
Entretido em se servir de uma dose de vodca que tinha no balcão, nem reparou na bagunça em que a sala se encontrava.
- Eu vim aqui falar com você sobre o Stephen. Faz algum tempo que não conversamos e eu precisava me abrir com alguém e...
O olhar para a cadeira ensangüentada foi direto. A cara de espanto dele me deixou ainda mais assustado com tudo. Ele voltou a olhar para mim.
- Não me diga que o Stephen passou a noite aqui, Chester.
Ao arregalar os olhos de surpresa com o que ele havia dito, tinha entregado a resposta pra ele. Ygor começou a transformar sua fisionomia e estava prestes a chorar.
- Eu... Eu... Também fui estuprado Chester.
(continua)

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Vol. 11 - Ok, Let's Eat a Pizza...

Posted by Chester
Theo acabou se apoiando sobre a bancada antes que seu joelho fosse de encontro ao caco da taça e ao mesmo tempo esmagasse minha mão sobre ele. Porém, isso não evitou que eu acabasse cortando minha mão.
- Chess, me deixa ajudar você. Não olhe.
Ele já sabia que vê sangue me provocava náuseas e tontura. Theo me ajudou a levantar e levou minha mão até a pia, onde despejou água corrente e tirou outro caco que havia ficado preso. Depois, enrolou minha mão em um pano limpo com todo o cuidado.
- Fique aqui, vou pegar meu kit de primeiros socorros. Não olhe para a mão, ok?
- T-t-tudo bem... - balbuciei.

Minutos depois, já estava eu com um curativo na mão. Digamos que curativos não era o ponto forte dele. Minha mão parecia ter sido mumificada pela quantidade de ataduras que ele pôs.

Theo limpou a cozinha e prosseguiu com o jantar. Ficamos um bom tempo em silêncio, até que ele veio na minha direção e se abaixou bem na minha frente.
- Está tudo bem com você?
- Desculpa Theo, mas aconteceu algo bizarro agora pouco...

Contei a ele sobre os pensamentos que tive ao ver os cacos de vidro pelo chão e que aquelas lembranças ainda me feriam muito. Embora ele parecesse acostumado com a perna mecânica, para mim era como se aquilo fosse algo que estava nele somente por minha causa. E aos poucos, meus olhos começaram a se encher de lágrimas.
- Chester, presta atenção...
Ele começou a levantar a calça e deixar à mostra a barra metálica que hoje ocupava o lugar de uma perna linda no passado. Depois de ter dobrado a calça até a altura do joelho, Theo pegou minha mão e levou até a perna.
- Vamos, toque.
- N-n-não, não quero fazer isso...
Quando vi, já estava tocando. Num primeiro toque, senti a frieza de um metal. Algo que não pertencia àquele lugar. Ao ver que não estava me sentindo confortável com a situação, Theo pegou meu rosto pelo queixo e me fez encará-lo.
- Chester, hoje isso pertence a mim. É o elemento que me ajuda a me locomover. Não nasci com ele, é verdade, mas hoje... Hoje isso me dá forças para continuar vivendo. E escute isso bem... Eu jamais culparia você pelo o que aconteceu. Ninguém tem culpa disso. Foi minha escolha tentar salvar você, e ao fazer isso saberia que tinha riscos. Sinto culpa por várias outras coisas, mas jamais... Jamais por esta perna. - e esboçou um sorriso.
E se não fosse o cheiro de queimado que invadiu a cozinha, provavelmente teríamos nos beijado.
- As minhas batatas!
Quando olhamos para a panela, as batatas haviam se transformado em uma espécie de pasta preta, e o cheiro de queimado era horrível. Theo olhou para mim numa cara de desânimo.
- Bom, e que tal uma pizza? - ele sugeriu, e caímos na risada.

Nos jogamos no sofá para assistir TV, enquanto aguardávamos a pizza. Estávamos sentados um do lado do outro, praticamente grudados. Nossos braços estavam sobre uma almofada e várias vezes se roçavam. Embora soubesse que Theo queria me beijar, não conseguia criar coragem para tomar iniciativa. Senti diversas vezes os pêlos dos braços dele roçarem os meus. E ele parecia estar gostando da brincadeira, pois também não tomou nenhuma atitude. Algumas vezes o peguei me olhando, mas quando eu me virava ele voltava os olhos para a TV. Quando finalmente nossos dedos mínimos se encostaram, Theo passou o dedo dele sobre o meu e puxou. Logo nossas mãos se entrelaçaram. E nossos olhos, finalmente se encontraram.
E sim, a maldita campainha tocou naquela hora.
(CONTINUA)

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Vol. 10 - And I Say No... No... No!

Posted by Chester
As semanas que passaram foram inacreditáveis. Fazia muito tempo que não me divertia tanto, ainda mais acompanhado. Stephen era o tipo de cara que estava sempre disposto a qualquer programa. Desde ir caminhar no parque no sábado de tarde até perder algumas horas de sono assistindo DVDs até tarde da noite.

Naquele fim-de-semana minha mãe não estaria em casa, pois iria num passeio com as amigas dela. Convidei Stephen para jantar e assistirmos juntos alguns filmes. Pensei até que poderíamos dormir juntos, mas dormir literalmente.
Ele chegou pontualmente no horário marcado e trouxe as coisas que eu havia pedido do supermercado que eu não tinha em casa. E logo fomos para a cozinha. Eu estava faminto.
- Ainda bem que você chegou, não agüentava mais de fome...
- É, eu também estou com fome... - disse enquanto me abraçava por trás e me dava mordidas no pescoço.
- Hahahahaha... Para com isso!
- Ah, vai dizer que você não gosta?
- Digamos que não é hora para isso.
- Tudo bem. Olha só, trouxe algo para incrementar nosso jantar. - e tirou de um saco de papel uma garrafa de vinho.

Minhas experiências com bebidas alcoólicas nunca foram muito satisfatórias. Geralmente ficava enjoado ou com muito sono. Mas, como ele parecia tão empolgado com aquilo que resolvi ceder e beber uns goles. Uma taça talvez me deixasse só alegrinho, pensei.

Enquanto eu jantava, bebericava minha taça. Stephen não deixava nunca que ela esvaziasse e eu continuava bebendo como se o vinho não tivesse efeito nenhum.
Acabamos de jantar e nos jogamos no sofá. Colocamos o primeiro filme para ver, mas o que deu para perceber é que Stephen não estava a fim de ver filme nenhum. Logo começou a me agarrar. No começo estava gostoso. Porém ele estava indo muito depressa ao ponto...
- Stephen... Vai com calma!
- Eu não to fazendo nada de mais...
- Stephen, por favor... Não... Não quero fazer isso.
- Ah, capaz que você não quer...
- Stephen... NÃO!
Nessa hora ele me pegou pelos braços e ficamos frente a frente. Ficou me encarando com uma cara como se a situação fosse a mais normal do mundo. Uma tontura invadiu meu corpo e logo minha visão ficou deturpada e perdi os sentidos.

Acordei no outro dia com Rose me ligando. Tinha marcado de fazer um trabalho com ela. Já deveria estar lá fazia uns vinte minutos.
- Chester, onde você está? Estou aqui esperando. Liguei para você várias vezes mas ninguém atendia!
- Oi Rose. Olha só, eu perdi o horário. Mil desculpas. Vamos fazer assim. Deixa que eu faço o trabalho e depois mando ele por e-mail, ok? Daí você pode ler e corrigir qualquer coisa. Desculpa mesmo.
- Tudo bem Chester. Se precisar de alguma coisa me avise. Cuide-se.
- Você também.
Ao desligar o telefone, sentei em uma cadeira. Estava extremamente tonto e mal conseguia ficar em pé. Sentado, uma sensação quente me invadiu. Algo líquido e quente escorria na cadeira.
Eu estava sangrando.
(CONTINUA)

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Vol. 9 - Heroes and Saints

Posted by Chester
Theo sempre soube como me deixar sem graça. E isso nem é uma tarefa difícil, já que qualquer elogio direcionado a mim é capaz de tornar o meus rosto tão vermelho quanto um tomate. E era assim como eu estava na frente dele agora. Nervoso com a situação e sem saber o que dizer, meti a boca direto na minha taça de cappuccino e dei um grito de dor. Ao perceber a situação ridícula em que me encontrava e ao ver que todos no café me observavam por ter queimado a língua com o líquido quente, comecei a rir. Algumas pessoas esboçaram um sorriso e voltaram ao que faziam. Theo, que começou a rir junto comigo, falou:
- Você continua o mesmo atrapalhado de sempre...
- Infelizmente foi algo que ainda não superei... Não me ensinaram no colégio como deixar de ser um nerd idiota. - e rimos juntos.
- Bem, eu queria poder ficar mais tempo contigo hoje, mas a babá do Henry terá que ir embora mais cedo, então daqui a pouco eu vou ter que ir.
- Entendo.
- A não ser que queira conhecer onde eu moro... Posso preparar algo para jantarmos, assistir um DVD...
- Se não sentisse um cheiro de segundas intenções no ar, era capaz de ir mesmo...
- Ah... Desculpa... Não tinha essa intenção. - ele disse, sem graça.
- Aham, sei...
A cara de decepção em Theo derreteu meu coração. Era claro que eu queria ir, mas estava tudo tão rápido. Maldito coração mole...
- Bom, eu só espero então que saiba cozinhar bem e que o filme seja bom.
Um sorriso iluminado surgiu no rosto dele.
- Será tudo maravilhoso, eu prometo.

Saímos do café pouco tempo depois. Passamos num supermercado e em uma locadora. Theo queria um filme mais romântico, mas eu queria mesmo algo bem assustador. Afinal, filmes de terror ajudam a forçar um clima nas cenas mais violentas. Pelo menos eu imaginava que funcionaria.

Theo estava morando praticamente sozinho num apartamento enorme. A decoração vitoriana deixava um ar clássico e requintado no ambiente. Confesso que me senti meio deslocado naquela sala enorme, digna de uma revista de decoração. Enquanto eu observava tudo meio atônito ele largava as compras sobre um aparador.
- Vem, quero mostrar a casa. - me pegando pela mão.
Ao pegar na minha mão, uma sensação indescritível passou pelo meu corpo. Era como se tudo em mim se enchesse de coragem e de ternura. Meu coração passou a bater mais forte e que aquela mão fosse a coisa mais confiável do mundo. Ela poderia me levar a qualquer lugar do mundo e eu jamais hesitaria em segui-la.
Passamos por diversos cômodos até que chegamos ao quarto de Henry. Decorado com um papel de parede que lembrava uma noite muito iluminada, e no centro um lindo berço branco de ferro enlouqueceria os olhos de qualquer mulher grávida. Ao chegar mais perto e ver aquela pequena criaturinha dormindo, tão frágil e tão doce que ficaria a noite inteira admirando ela dormir. De uma cadeira de balanço, a babá se levanta, meio que dormindo e sai, se despedindo rapidamente. Theo pega a babá eletrônica sobre uma cômoda e liga colocando no berço de Henry.
- Vamos, ele vai demorar para acordar. - e me pegou pela mão.
- Boa noite anjinho - balbuciei.

Voltando até a cozinha, Theo começou a preparar o jantar, enquanto eu ficava sentado tomando uma taça de vinho.
- Tem certeza de que não quer ajuda? - perguntei.
- Hoje você é meu convidado. - e me deu uma piscada.
Distraído, coloquei a taça sobre a bancada, mas ela caiu e se espatifou no chão.
- Ai, que desastre...
Me abaixei para juntar os cacos e Theo, se abaixou para me ajudar. Ao ver que ele se abaixava e iria se ajoelhar sobre um caco grande, logo uma onda de lembranças invadiu minha cabeça.
- Theo, cuidado...
E em câmera lenta revi a cena em que Theo caia sobre os cacos de vidro e logo depois a cena em que descobrimos juntos que a perna dele havia sido amputada. A angustia de rever tudo aquilo fez com que eu enfiasse a mão sobre o caco antes que o joelho dele se encontrasse com o chão.
(CONTINUA)

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Vol. 8 - Fu** ya, stupid nerd!

Posted by Chester
Já no outro dia recebi uma ligação de Stephen. Ele realmente parecia não estar com nenhuma vontade de ter nada com Ygor. E confesso que jamais me imaginei tendo algo com ele também. Stephen me convidou para ir ao cinema, coisa que eu não fazia a anos. Aceitei o convite com um pé atrás. Não entendia a urgência dele em me ver. E também, com o passar do dia, me lembrei de Ygor, e apesar de ser tão egocêntrico, era capaz mesmo de ter gostado do rapaz e eu por puro capricho, resolvi tirar o que supostamente naquela noite era para ser meu. Estava me tornando um tipo vingativo mesquinho.
- E então, que horas eu te encontro?
- Bom, depois das 18h estou livre. Encontro você na Picaddilly?
- Sim, próximo a Virgin.
- Ok. Qualquer problema eu aviso.

No fim da tarde, não me agüentando de remorso, liguei para Stephen e desmarquei tudo.
- Minha mãe não está se sentindo muito bem... Vou ter que ficar em casa hoje com ela.
- Ah, que pena então... - respondeu desanimado - Melhoras pra ela.
- Obrigado. Marcamos outra hora, ok?
- Claro. Se cuida.
- Você também.

Chegando em casa, cumprimentei minha mãe, que estava ótima, e algumas amigas dela que haviam se reunido para um chá e me dirigi correndo para o telefone.
- Alô?
- Oi Ygor, é o Chess!
- Ah, é você...
- Está tudo bem?
- Você deve saber melhor do que eu. Aliás, nem sei porque continuo falando com uma pessoa que é capaz de me apunhalar pelas costas. Deveria te dizer mil coisas...
- Ygor, eu...
- Quer saber, que se dane você, seu nerd ridículo. - e desligou.
E eu fiquei sem entender muita coisa que havia se passado naquela tarde. Eu só queria saber o que Stephen havia dito a ele.
(CONTINUA)

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