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Vol. 22 - Dancing with myself

Posted by Chester
Fui até Arthur com cara de poucos amigos e logo o rapaz se apresentou.
- Carter, prazer. – e deu um sorriso torto com a boca, enquanto me oferecia a mão.
Apertou minha mão com uma força que pude sentir meus dedos amassados pelo anéis que ele usava. Aproveitei que estava no bar e pedi uma cerveja. A garrafa gelada amorteceu a dor que meus pobres dedos estavam.
Vendo que os dois estavam no maior agarramento, resolvi que era hora de sair dalí.
- Arthur, vou circular um pouco por aí. Mais tarde te procuro para irmos embora.
- Tudo bem Chess. Boa caçada. – disse rindo.
- Obrigado – sibiliei com os dentes trincados.

Não sei se estava ficando velho demais, mas as festas não eram mais tão divertidas para mim quanto eram 2 anos atrás talvez. Acho que fiz mal em perder minha inocência tão cedo e ver que a maioria das pessoas não valia nada e que jamais encontraria alguém que me fizesse feliz para sempre. Acho que estava aos poucos virando um daqueles solteirões amargurados.

Quando percebi que a noite havia acabado para mim, fui chamar Arthur para finalmente irmos embora. Voltei para o bar, e ele não se encontrava por ali. Dei uma circulada por perto para encontrá-lo e nada. Sentei no bar, pedi uma coke e fiquei esperando. “Onde é que esse cara se meteu?” pensava. Já começava a imaginar coisas horríveis. Quando me dei conta, a festa já estava quase vazia e agora se eu não o encontrasse, certamente ele teria ido embora sem me avisar. Dei a última ronda e percebi que era verdade. Ele se foi. Provavelmente na companhia daquele rapaz estranho. Liguei para o celular. Direto na caixa postal.

Entrei na fila para pegar meu casaco. Quando estava chegando próximo ao balcão, senti meus tênis derraparem por causa de algum líquido que haviam derramado no chão. Por impulso, joguei minhas mãos sobre os ombros do rapaz que estava na minha frente e escorreguei, levando ele ao chão junto comigo.
- Por favor, me desculpa... Eu... Eu... Oh meu Deus! Me desculpa! Não consegui me equilibrar.
A cara que ele fez foi de poucos amigos, mas se levantou e ajudou a me levantar. Ficamos frente a frente e fiquei admirado com a beleza daqueles olhos verdes. E sorriu para mim.
- Me desculpe novamente.
- Está tudo bem. Sou Ewan, prazer. – e me ofereceu a mão após limpá-la nas calças.
- Chester. P-Prazer.
Ele sorriu.
- Bom, Chester... Que tal me oferecer um café depois desse desastre todo como pedido de desculpas?
- Oh, claro. – o convite me pegou de surpresa - Por que não? Vamos sim!
Pegamos nossos casacos e partimos para a noite fria londrina.

(continua)

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Vol. 21 - Je T'Aime in Paris

Posted by Chester
Paris, a cidade luz. Não era a toa que havia recebido esse nome. A cidade emanava um brilho que jamais Londres teria. Era como se aquela luz toda fosse propícia para o amor. O táxi que nos levou até o hotel só mostrou um pouquinho do encanto que nos esperava. Enquanto Theo falava alguma coisa em francês com o taxista, eu carregava aquela linda criaturinha no colo. Henry havia acordado e agora sorria pra mim. Me perguntava o porquê ficamos tão abobados com crianças, mas tive certeza depois que fazia palhaçadas para ele rir.
- Parece que tem outra pessoa que está gostando muito de ti... – disse Theo todo bobo, sorrindo pra mim.
- Não posso evitar. É uma criança linda. – e passei a mão sobre o braço dele.

Chegamos a um hotel muito bonito. Demorei para reconhecer que era o Ritz. Tudo no hotel era lindo. Theo rapidamente preencheu as fichas e logo subimos para o quarto. E não era um simples quarto. Era uma suíte enorme. Havia uma ante-sala com uma mesa e uns sofás e de cada lado havia uma grande porta que dava acesso aos dois quartos. Num deles ficava o berço de Henry e no outro, uma imensa cama de casal. Theo pediu que eu ligasse para o serviço de quarto e pedisse algo para jantarmos enquanto ele providenciaria uma mamadeira para Henry que já estava bastante sonolento novamente. Em menos de 20 minutos nosso jantar chegou e Henry já se encontrava dormindo.
Já jantados, fomos até a janela do nosso quarto. Tínhamos uma vista maravilhosa da cidade dalí. Nada mais propício que um beijo naquele momento. Como sempre, parecia estar flutuando.

Na manhã seguinte acordamos cedinho. Apesar de estar muito frio, o sol batia em nossa janela convidando para um passeio ao ar livre. Andamos por algumas ruas, visitamos a Torre Eiffel, entrei em muitas lojas e em diversas saí brigando com Theo, que acabava pagando todos aqueles meus pequenos luxos.

Na maior parte do tempo, era eu que empurrava o carrinho de Henry. Estava achando divertida a situação. E até despertou um lado paterno que eu jamais achei que poderia sentir. Numa bobeada de Theo que saiu para comprar água para nós, entrei com Henry numa enorme loja de brinquedos e comprei várias bobagenzinhas para ele. Quando estava na fila do caixa, uma mulher muito bem vestida fala algo em francês.
- Desculpa, eu não falo francês. – respondi.
- Eu disse que o garoto é muito bonito. – disse ela sorrindo.
- Ah, obrigado.
O celular começa a tocar e era Theo desesperado. Informei a ele que estava na loja de brinquedos com Henry. Quando ele entrou na loja nós estávamos saindo do caixa e no que ele nos olhou, me puxou pelo braço e saímos correndo dalí.

(continua)

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Vol. 20 - Dance a little bit closer...

Posted by Chester
À partir daquele momento, Arthur se tornou meu melhor amigo. Não demorou muito para que as conversas diárias tanto via e-mail quanto telefone se tornassem freqüentes. Às vezes, freqüentes até demais. Durante a semana ele ficava ocupado em função das aulas e de um trabalho que ele havia conseguido numa mercearia próxima a casa dele. Mas durante o final de semana pude apresentá-lo totalmente ao mundo Gay de Londres. Ao conhecer o Arthur e apresentar a ele esses lugares que eu já freqüentava, me fez ter uma nova visão daquilo que eu achava que era. E desejei ter os olhos do Arthur naquele momento. Ver as coisas com inocência. Achar que tudo era lindo e que as pessoas eram todas boas e queriam bem mais que só uma noite de prazer. No fim de semana anterior havia levado ele na G.A.Y. e naquela noite fomos na Heaven. O lugar é imenso e só de passar pela porta pude ver os olhos de Arthur brilharem. Ainda acho que os homens de lá são os mais bonitos de Londres, mas sei muito bem que menos de 10% que estão ali dentro prestavam vê alguma forma e que tinha na cabeça algo mais que uma companhia para a noite.

Como em todos os locais gays, sempre há uma distinção de grupos e geralmente todos andam reunidos... Os caras mais sarados de um lado, os bears de outro e as “fadas” em um canto... Mas havia um grupo novo em Londres com rapazes muito jovens, que haviam recém começado a freqüentar os clubes noturnos, mas já aproveitavam a vida a um bom tempo nas ruas. Não eram necessariamente garotos de programa, mas a fama deles não era das melhores. Muitas histórias eram contadas, mas na maioria não passavam de boatos. Bem provável que fossem espalhados por eles mesmos a fim de assustar um pouco as pessoas com uma fama de “garotos perdidos”.

Enquanto Arthur parecia encantado com a música e as pessoas, eu tentava me divertir. Nunca mais tinha saído por causa do Stephen e só estava saindo mesmo porque queria agradar e acompanhar o Arthur nessa jornada de descoberta.
Havia um dos rapazes do bando dos “garotos perdidos” que constantemente olhava em nossa direção. Ele parecia estar meio perdido naquele grupo. Talvez fosse a ovelha branca do rebanho de ovelhas pretas. Durante muito tempo ele olhava e baixava a cabeça, como se tivesse envergonhado. Como sempre fui muito tapado na arte da paquera, achei que não era comigo e continuei dançando. Nem havia me interessado mesmo no rapaz e estava ali somente para acompanhar Arthur, não para ficar com alguém.
- Chess... – gritou Arthur e fez com que eu aproximasse o ouvido pra ouvir o que ele iria falar. – Vou pegar algo para beber. Você quer algo?
- Não, estou bem. Vou me sentar um pouco. Te encontro ali naquelas mesas... – e apontei em direção ao outro lado da pista.
Com um sinal afirmativo de cabeça, Arthur me virou as costas e foi em direção ao bar. E eu então atravessei a pista até as mesas.

Muitas Britneys, Kylies e Madonnas depois, resolvi procurar Arthur, que não havia aparecido até então. Atravesso a pista somente observando alguns olhares que me devoravam. Certamente aquelas pessoas estavam vendo bem além das roupas que eu estava vestindo, se é que vocês me entendem. Cheguei até o bar e nada do Arthur. Comecei a ficar um tanto preocupado, até que bem no canto, ouço um grito meio abafado pela música alta:
- Chess, estou aqui! – gritou ele, todo sorridente, escondido atrás de um rapaz de regata preta.
O rapaz se vira em minha direção e meus olhos não acreditaram em quem eu estava vendo.

(continua)

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Vol. 19 - Just give me a smile and I'm yours...

Posted by Chester
- Chester, está tudo bem com você?
- Eu é que pergunto! O que houve Theo? Onde você está? Por que sumiu? – já estava quase chorando.
- Tive um probleminha com o Henry. Ele estava com um pouco de febre e achei bom levá-lo ao médico antes de viajarmos. Mas a consulta demorou um pouco e só agora fomos liberados.
- E ele está bem?
- Sim, está tudo bem agora. Chess, por favor pegue um táxi e me encontre na estação. Estou saindo daqui agora.
- Mas não chegaremos a tempo de pegar o trem... – disse desanimadamente.
- Eu já liguei para lá. Iremos no próximo horário. Chegaremos mais tarde que o previsto à Paris, mas conseguiremos aproveitar um pouco da noite ainda hoje.
- Tudo bem, pegarei um táxi agora. Eu... Eu estava muito nervoso Theo.
- Me desculpa, não queria te alarmar. Achei que ia dar tempo para tudo.
- Eu achei que... Bem, deixa pra lá...
- Fale Chess. – Theo mudou a entonação para algo sério.
- Eu achei que estava me abandonando... De novo! – desabafei.
Criou um silêncio na linha.
- Eu JAMAIS teria motivos para te abandonar Chester. E sabes muito bem que da primeira vez eu não tive culpa.
- Mas poderia ter me ligado... Ou... - quase estava chorando.
- Eu não pretendo discutir isso novamente. Se você acha que pode esquecer o que aconteceu e dividir a tua vida comigo para sempre, me encontre na estação. Eu gostaria muito de te encontrar lá. Até logo. – e desligou.

Com a mão na boca, apavorado com a reação de Theo, me sentei na poltrona. Eu sabia que ele estava certo, mas naquele momento ele pareceu tão pouco compreensivo com a minha dor. Será que era eu que fantasiava demais? Esperava que ele fosse vir todo carinhoso a cada vez que eu chorasse? Que imagem idealizada dele que eu criei... Estava revoltado por dentro. “Como ele pode menosprezar o que eu sinto?”, pensava. Estava a ponto de subir com as malas e esquecer tudo o que ele havia feito por mim. Peguei elas e fui em direção ao elevador. E somente ao pressionar o botão percebi o quanto estava sendo egoísta. Pensando só no meu sofrimento. Afinal, ele também sofreu... Ele que me procurou de novo. E ele me amava de verdade. E era aquela a coisa mais importante. O elevador chegou e a porta se abriu na minha frente. Meu reflexo no metal dourado que cobria o as paredes me provocou um sorriso bobo. Foi o suficiente para fazer com que eu saísse correndo pelo lobby em direção a porta para pegar um táxi.

Pouco tempo depois estava na estação. Olhando para todos os lados, tentava encontrar Theo. Até que no meio da multidão, que parecia caminhar em câmera lenta, estava ele. Carregando Henry no colo, lá estava a mais perfeita visão do “Príncipe Encantado”. E só se concretizou quando ele olhou na minha direção e sorriu. Não haveria nenhum coração que resistiria àquela cena.

(continua)

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Vol. 18 - Pink Friends

Posted by Chester
No outro dia pela manhã, Arthur me ligou.
- Onde tem um supermercado aqui perto? Não tem ninguém em casa.
Dei uma resposta grosseira e informei. Trinta minutos mais tarde, novamante ele me liga e pergunta como chegar até a UCL. Após informar como ele deveria fazer, convidei que ele me encontrasse após a aula dele para esclarecermos algumas coisas, já que isso era parte do aprendizado dele.

Depois do almoço, todo atrapalhado, ele chega até a minha mesa. Me cumprimenta e já vem com uma lista de perguntas. Eu simplesmente comecei a dizer que ele não deveria me ligar sempre que necessitasse de alguma ajuda porque o meu trabalho era somente acompanhá-lo até a casa nova. Meio decepcionado com a resposta, ele diz:
- Ainda não me acostumei com a cidade e ter um rosto familiar me ajudaria bastante. Apesar de bastante empolgado por estar aqui, ainda sou bastante tímido e inseguro para tomar conta de mim sozinho. – e seus olhos começaram a se encher de lágrimas.
Vendo aquela cena, não pude deixar de ficar comovido e deixei de ser tão ranzinza. Arthur parecia ser um cara legal então nada mais justo que dar uma colher de chá para ele. Fui até a sala de Mrs. Gershner avisando que levaria Arthur para conhecer alguns locais importantes pois estava sofrendo com a adaptação inicial. Após aprovado, eu e ele seguimos para o metrô. Não lembro de ter andado em tantas linhas diferentes no mesmo dia, mas confesso que nunca tinha reparado o quanto Londres era enorme subterraneamente.

Já passava das 19h e resolvemos parar em um café para descansar um pouco antes de levá-lo de volta para casa. Pedi a Arthur que me contasse um pouco da vida dele e num primeiro momento ele pouco se abriu. Notei que fazendo perguntas ele me respondia bem mais que de vontade própria.
- E você tem namorada no Brasil? – perguntei.
Ele que estava com a xícara na boca se engasgou com o café.
- Não, eu não tenho namorada.
Eu sabia que ele não gostava de mulheres graças ao episódio do encanador, mas queria ter certeza.
- E namorado?
Novamente ele começou a tossir.
- Tudo bem, aqui em Londres é bem normal. – tentei remediar.
Ele ficou apreensivo. Começou a me olhar meio torto, como se fosse fugir dali. Ficamos alguns instantes em silêncio, enquanto ele mexia no seu café. De repente, levanta os olhos em minha direção e pergunta:
- Você é gay?
A surpresa da pergunta me deixou desconcertado. Após aquelas reações dele, deveria eu assumir que era? E se ele resolvesse sair espalhando por aí? E se falasse para Mrs, Gershner, que era uma senhora tão devotadamente católica? Eu poderia ser demitido, apesar da amizade com minha mãe.
- Sim, eu sou. – soltei sem pensar mais nas conseqüências.
Os olhos dele se arregalaram. Por um momento achei que tinha feito besteira. Imaginei que ele ia se levantar a qualquer momento e sair dali correndo. Mas logo um sorriso começou a aparecer no seu rosto e Arthur me diz:
- Finalmente terei um amigo gay para compartilhar meus problemas... Eu... Eu também sou e nunca tive ninguém para conversar sobre isso.
E aquela confissão me fez sentir que a partir daquele momento eu e ele seríamos amigos inseparáveis. E retribuí com um sorriso.

(continua)

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Vol. 17 - A quarter pass nine to happiness...

Posted by Chester
Cedo pela manhã, entrei em casa pé por pé para não fazer barulho. Mas assim que passei pela cozinha vejo Dona Charlotte de pé, ainda de pijama e robe, com uma xícara de café na mão. Dei meu melhor sorriso sem graça e quis ir correndo em direção ao quarto para evitar qualquer pergunta. Ao passar pela porta, só ouvi ela falando:
- Quem era o rapaz?
Ao ouvir aquilo me engasguei com minha própria saliva. Ela veio ao meu encontro na sala e perguntou o porquê de eu ter inventado que tinha ido dormir na casa do Arthur, já que ele havia ligado diversas vezes para casa. Acabei recebendo o sermão de preocupação, até que ela percebeu que eu não estava prestando nem um pouco atenção no que ela dizia.
- Pois bem... Estou vendo que este rapaz te fez muito bem. Qual é o nome dele? Onde se conheceram?
- Mãe, não é hora para conversas... Daqui a pouco tenho que ir trabalhar...
- Ah meu filho, só o nome então...
- Mãe... Por favor... – já me irritava a situação.

Estava me despindo pela casa louco para tomar um banho e sair dalí. Do nada ela se escora no batente da porta e fica me observando encher a banheira.
- Não vai me contar nada mesmo?
- Mãe, você está muito chata hoje! – esbravejei. – Sabe com quem eu sai? Você nunca iria acreditar... É... É loucura demais!
Ela só me observava com uma cara de preocupada ao mesmo tempo muito curiosa.
- Mãe, eu reencontrei o Theo! - falei quase rindo.
As feições do rosto dela passaram de surpresa para decepção em segundos.
- Bom... Eu só espero que ele não desapareça novamente. Não quero mais ter que gastar com psiquiatras e remédios desnecessários nesta casa. – Ela virou as costas e saiu.
Depois de vestido, dei um beijo no rosto dela e saí correndo. "Era melhor tomar café na rua hoje", pensei.

Perto do almoço, Theo me liga.
- Já estou morrendo de saudades.
- Seu bobo, não faz nem 4 horas que saí daí.
- Bom, liguei porque tive uma ótima ideia. Logo após o trabalho, passe em casa e faça as malas. Pegaremos o trem às 19h e chegaremos à Paris mais ou menos 21h15. Já estou com as passagens compradas e o hotel reservado. Vamos ter um fim de semana que já deveríamos ter feito a muito tempo atrás.
- Mas... Theo... Eu...
- Não fale nada. – disse ele rindo. – Gostou da minha proposta?
- Theo... É... É... Inacreditável! Eu adorei!
- Que bom. Passarei na tua casa exatamente às 18h. Esteja pronto.
- Tudo bem. Estarei te esperando.
- Te amo, Chess.
- Eu também te amo, Theo.

Avisei o restante dos funcionários da agência e saí mais cedo. Chegando em casa, chamei ela para que pegasse uma mala no armário e viesse comigo conversar no quarto.
- Onde você pensa que vai com essa pressa toda?
- Ai mãe, menos por favor. Theo acabou de me convidar para passarmos o fim de semana em Paris! Você sabe que a anos quero fazer essa viagem. Ele disse que comprou as passagens e daqui a pouco vai passar aqui para me buscar.
- Meu filho... Não acha que é muito cedo... Muito... Precipitado da tua parte ir viajar com esse rapaz que tu reencontrastes depois de... Sei lá... 5, 6 anos?
- Eu nunca me senti tão bem quanto agora mãe. Estou nas nuvens. Preciso aproveitar essa oportunidade de ser feliz. – e enchi uma mala inteira enquanto conversava.
- Bom, já és bem grandinho. – disse ela já se retirando do quarto. Chegando na porta, se virou e olhou em minha direção.
- Não quero mais te ver sofrer por ele Chester. Só quero tua felicidade.
Veio na minha direção e me abraçou muito forte. Sussurrou um boa sorte no meu ouvido e me ajudou a fechar as malas.

Correndo, desci para o lobby para esperar Theo. Eu já estava cinco minutos atrasado, mas Theo ainda não havia aparecido. Liguei para o celular dele e a chamada caia na caixa postal. Resolvi esperar algum tempo. Várias ligações depois e nada. Minha impaciência estava visível. Andava de um lado para outro, com o celular na mão sem saber se ligava mais uma vez ou esperava que ele retornasse. Mas Theo havia desaparecido totalmente. Faltavam 15 minutos para o trem partir. E eu já estava em desespero. Meu coração estava palpitando e fui obrigado a me atirar na poltrona. Estava suando frio. “Ele me enganou”, pensei eu. “Eu não acredito que estou passando por isso de novo”. E um choro de desespero começa a correr sobre o meu rosto.

Até que meu celular começa a tocar. Era ele.

(continua)

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Vol. 16 - London Calling

Posted by Chester
Segunda pela manhã, peguei o metrô e fui direto para a agência de intercâmbio. Mrs. Gershner era uma senhora baixinha de uma família de Gales. Tinha um sotaque engraçado mas logo me deixou bem à vontade. Meu trabalho nada mais seria do que receber os intercambistas e ser o principal contato deles caso necessário. Após apresentar minha mesa, assinar papéis e tudo mais, já fui encaminhado para buscar meu primeiro estudante de intercâmbio. Seu nome era Arthur Ferraù e pelo que constava na ficha, estava vindo do Brasil. ”Bom, vamos lá”, pensei. Me encaminhei para o aeroporto às pressas pois o voo dele chegaria em poucas horas. Cheguei munido de uma placa com o nome do rapaz e fiquei próximo à saída do desembarque. Eu havia visto uma foto pouco nítida da cópia do passaporte dele, mas com certeza não era o suficiente para reconhecê-lo. Com as pessoas saindo pela porta, logo tratei de colocar a placa em local bem visível e logo um jovem veio em minha direção. Era um rapaz bonito com uma cor de bronzeado e cara de surfista. Quando chegou bem próximo, eu esbocei um sorriso e já ia cumprimentá-lo, quando ele se vira e dá um abraço na garota que está ao meu lado. Envergonhado, me afastei dali e continuei procurando o tal de Arthur. Muitas pessoas depois e percebi que ele não havia desembarcado. Fui até a fila da imigração procurar, mas já não havia mais ninguém ali. Pensei em ligar para Mrs, Gershner, mas não queria que ela pensasse que eu era incompetente para o serviço.
Então, entrei no banheiro numa tentativa de me acalmar. Estava irritadíssimo e só faltou urrar! Entrei empurrando a porta com força e em frente a pia, um rapaz revirava as malas à procura de algo. Falando palavras impronunciáveis para mim, parecia estar xingando algo pelo modo que se expressava. Até que ao olhar para o seu rosto, percebi que poderia ser a pessoa que eu procurava. Tirei o papel com o nome dele do bolso e mostrei. De repente, a cara de fúria do rapaz se torna um sorriso e se apresenta:
- Olá! Desculpa! Sim , sou o Arthur Ferraù. E você como se chama?
- Sou Chester Von der Brough. Prazer em conhecê-lo. – secamente respondi, já que estava irritado demais com a atitude do rapaz.
- Prazer em conhecê-lo também. Desculpa a bagunça. Estou procurando um CD que eu achei que tinha colocado em minha mochila, mas pelo jeito não coloquei na mala também. É de uma cantora chamada Sarah Brightman, conhece?
- Ah, sei quem é. Bom, é melhor irmos indo. – falei, um pouco rude. - Tenho que levar você até a agência para preencher os papeis e depois levá-lo até a sua nova residência.
- Ok. Vamos então. – e começou a encher as malas com as roupas novamente.

Saímos do aeroporto e embarcamos no metrô. Não havia simpatizado com aquele rapaz. Certamente só o veria de novo quando ele aparecesse na agência ou algo assim. Embora ele puxasse bastante assunto, não estava com cabeça naquele dia. Depois de muita conversa e dele assinar os papéis, fui levá-lo até a casa onde ele ficaria até arranjar outro local para morar. Ele me pareceu um pouco deslumbrado com a cidade e queria saber tudo que acontecia. Chegando na casa, um encanador estava consertando uns canos no corredor. Usando apenas um macacão e o tórax praticamente todo à vista, Arthur ficou paralisado e quando passamos por ele chegou a virar a cabeça para olhar para trás. E sussurrou “Eu acho que vou adorar Londres”.

(continua)

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Vol, 15 - Forever Mine

Posted by Chester
Não havia como resistir àquele sorriso. Eu não consegui evitar sorrir também. Theo me pegou pelos ombros e me sacudiu. “Você está maluco? Sair assim, correndo? O que foi que eu fiz?” E eu simplesmente sorrindo. Theo achou que eu estava debochando dele e fez cara de irritado. Vendo isso, minha reação foi a de puxá-lo pela cintura e beijá-lo com força. Ele tentou resistir, mas acabou se rendendo e se abraçou em mim. Pude sentir que estava alto do chão. Theo era o amor da minha vida e não havia como fugir disso. Aos poucos fomos voltando à realidade e ele me pegou pela mão.
- Vamos. Deixei o Henry sozinho só para vir atrás de você. Por favor, volte para casa comigo.
Não tive como não resistir àquele pedido.
- Vamos então. Vou cancelar o café com o meu amigo. E até porque tenho que pegar minhas chaves e minha carteira que ficaram na sua casa.
- Vou esconder isso assim que chegar em casa então como pretexto para que sempre volte então. – zombou Theo.
Só dei uma risada com resposta. Pegamos o metrô e viemos abraçados até a estação. Chegando na rua, fomos correndo para a casa dele como crianças num parque de diversão até que eu caísse um tombo na frente da portaria do prédio. Theo me ajudou a levantar e fomos rindo até a porta do apartamento.
- Fique aqui na sala enquanto vou ver como o Henry está. Não se mova! – e pegou as minhas chaves que estavam sobre o aparador. – Só para garantir...
- Eu vou ficar aqui... Não se preocupe.

Me sentei no sofá e comecei a ver o que estava passando na TV. Do nada, Theo pulou por cima do sofá e caiu sentado do meu lado. Chegou bem próximo e já foi me abraçando.
- Agora você não escapa mais... – disse com os lábios quase colados aos meus.
- E quem disse que quero escap...
Fui interrompido por um beijo. Eu sabia para onde esse beijo iria me levar, e eu deixei. Estava na hora de tentar novamente. Deixei que os fantasmas que vagavam minha mente se fossem e passei a sentir somente as mãos de Theo pelo meu corpo. Eu estava descobrindo meu corpo. Cada toque, cada carícia, me deixava enlouquecido. Eu desconhecia aquilo. Nem parecia que eu havia feito alguma coisa com o Theo há anos atrás. Logo estávamos quase nus e ele me pega pela mão e me levou para o seu quarto. Tempo depois, ainda ofegantes, nos deitamos um ao lado do outro e nos preparamos para dormir. Abracei Theo e não pude evitar que uma lágrima caísse. Mas, pela primeira vez na vida era uma lágrima de felicidade.

(continua)

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Vol. 14 - Everything is changing,,,

Posted by Chester
Ainda sem reação e após uma longa conversa, Ygor e eu estávamos em dúvida se deveríamos ou não denunciar Stephen a policia. Imaginamos que seriamos discriminados e o crime não se resolveria, já que Ygor chegou com uma informação nova: o pai de Stephen era um membro do alto escalão da Scotland Yard. No fim, deixamos a situação como estava e decidimos que caso ele voltasse a aparecer, entraríamos em contato um com o outro e tomaríamos alguma atitude.

Logo Ygor saiu da minha casa, deixando claro assim que nossa amizade nunca mais seria a mesma, e assim foi, já que ele não entrou em contato nas semanas seguintes.
Num sábado à tarde, minha mãe me vendo atirado na cama me disse:
- Acho que já chega de ficar só em casa não é, Chester? Arranjei um trabalho para você na empresa de intercâmbio da Mrs. Gershner. Você começa na segunda e não quero ouvir nenhuma reclamação dela.
- Ah, obrigado mãe... Principalmente por ter me consultado.
- Sem problemas. Vou sair com o pessoal da Igreja. Qualquer coisa, me liga.


Aproveitei que o dia estava bonito e fui dar uma volta no parque que havia perto de casa. As ruas estavam calmas e nem parecia um dia normal. Imaginei que o parque estaria lotado de pessoas pegando um solzinho e não me enganei. Chegando lá me deparo com um parque lotado e pouco espaço na grama. Comecei a caminhar pela trilha enquanto observava as crianças brincando na grama. Até que mais à frente, vi pessoas correndo e alguns gritos. E eram próximos aos banheiros públicos. Chegando mais perto, vejo Stephen entrando no carro da polícia e logo atrás dele um menino, que parecia não ter mais que 16 anos a chorar. Imaginei logo o que poderia ter acontecido e saí dali antes que ele pudesse ter me visto. Embora a pena do rapaz me corroesse por dentro, o sentimento de ver Stephen sendo punido foi maior e de certa forma um alívio tomou conta de mim. Saindo dalí, mandei uma mensagem de texto para o Ygor contando o que acontecia e só recebi de resposta um “Ainda bem. Estamos vingados.” Decepcionado com a resposta, voltei para a casa e passei o resto do fim-de-semana descansando.

(continua)

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Vol. 13 - Stop... In the name of love...

Posted by Chester
Theo rapidamente atendeu a porta. O gordinho baixinho que havia feito a entrega muito me lembrou um primo da Megan que havia conhecido nos tempos de colégio. Parecendo estar com pressa, Theo arrancou a pizza das mãos do rapaz e entregou uma cédula com quase o dobro do valor do pedido. Após fechar a porta, Theo me olhou e viu que eu estava com uma cara estranha pela situação. E ele só respondeu:
- Estou faminto! Venha, me ajude aqui. - indo em direção a cozinha.
Me levantei devagar e fui atrás dele.
- O que você quer que eu pegue? -perguntei.
Ele surgindo do meu lado responde:
- Essa pessoa aqui.
Pegou minhas mãos e levou até a cintura dele enquanto ele me enlaçava com um braço a cintura e a outra mão por trás da minha nuca me puxando para um beijo. Olhando nos meus olhos, ele diz:
- Eu te amo, sempre te amei e para sempre vou te amar, Chester Von Der Browgh.
Minhas pernas ficaram bambas e eu não pude resistir àquilo tudo. Puxei ele pela cintura e nossos lábios se tocaram. Não sabia que ainda poderia sentir a mesma sensação do nosso primeiro beijo. Foi tão forte e... quente. Sentir o corpo do homem que eu amava contra o meu causou um arrepio em cada pelo do meu corpo. Nossas línguas se tocavam serenamente, mas vigorosas, repletas de desejo e paixão. Mas de repente eu abro os olhos, e como num susto, o afasto de mim com as mãos.
- Pare! Pare... Por favor... – gritei nervoso – Não posso... Eu...
Peguei meu casaco que estava próximo da porta e puxei a maçaneta. Theo colocou a mão a fim de evitar que eu saísse.
- Espere...
Puxei a porta com mais força e saí. Desci correndo as escadas. Não queria que ele me seguisse. Estava transtornado com aquilo tudo. Descia tão rápido que diversas vezes quase tropecei e caí. Não dei tempo ao porteiro de abrir a porta e saí correndo em direção ao metrô. Pude sentir que Theo estava logo atrás de mim, mas parecia ter desistido no lobby do prédio.
Entrei na estação e desabei a chorar. Não entendia o porquê chorava e tinha feito tudo aquilo. Por que havia deixado Theo daquela maneira? Eu não o amava mais? O que estava acontecendo?
Desci do metrô e imediatamente liguei para o meu amigo Arthur. Eu precisava conversar com alguém.
- Oi Arthur, é o Chess. Tem um tempinho para mim?
- Oi Chess. Não não... A noite tá cheia. Tenho uns 10 programas! – e gargalhou – Brincadeira. Pode falar!
- Bobo! Pode me encontrar ali no café? Aconteceram muitas coisas nessa última semana e eu não consegui contar a você.
- Hmmm... Sinto cheiro de carne nova. – disse ele debochando.
- Acho que tá mais pra carne velha... – falei tentando entrar na brincadeira.
- Xiii... OK. Em meia hora estarei ali.
- Perfeito, até mais!

Pensei em dar uma passada em casa para pegar um par de luvas, pois minhas mãos estavam congelando. Chegando à frente do portão, procuro as chaves no bolso e logo percebo que elas não estão ali. Começei a apalpar todos os bolsos desesperado achando que perdi a chave até que cheguei à conclusão que havia deixado na casa de Theo. E não só as chaves como também minha carteira. Enfurecido, chuto e bato no portão. “Eu não acredito que terei que voltar lá!” - balbuciei. Só me restou ir para o café e esperar até minha mãe chegar para entrar em casa. Fui caminhando pela rua e na saída do metrô encontro Theo ali de pé. A cara de susto logo se transforma num lindo sorriso e eu não tive como resistir... E fui até ele.
(continua)

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Vol. 12 - Bloody lines

Posted by Chester
Eu não sabia o que fazer. A tontura que sentia por estar vendo meu corpo sangrar me impediu de tentar ligar para alguém. Logo a minha visão ficou turva. E desmaiei.
Horas depois acordo com meu celular tocando. Era Megan.
- Meg, por favor, venha logo, preciso de ajuda!
- Chess, o que houve?
- Não faça perguntas. Venha ao meu apartamento o mais rápido possível.

Enquanto ela não chegava, me enrolei em uma toalha e evitei de olhar para o local onde a cadeira estava. Já não sentia mais que o sangue continuasse correndo. Só sentia minhas pernas grudentas, mas não queria olhar. Eu estava tremendo com tudo aquilo que aconteceu. Quando o interfone tocou, senti uma sensação de alívio. Megan finalmente havia chegado, pensei.
- Chester, aqui é o Ygor. Precisamos conversar.
- Ygor... É... É que escolheu uma péssima hora... Eu... Eu...
- Chester, por favor, abra a porta.
Sem noção da realidade, acabei cedendo. Abri a porta quando a campainha tocou e Ygor veio logo me abraçando.
- Chess, eu... Preciso me desculpar com você. Tem algo aí para beber... Eu preciso de uma dose...
- Ygor, eu... Espere. - e nem percebi que estava só de toalha.
Entretido em se servir de uma dose de vodca que tinha no balcão, nem reparou na bagunça em que a sala se encontrava.
- Eu vim aqui falar com você sobre o Stephen. Faz algum tempo que não conversamos e eu precisava me abrir com alguém e...
O olhar para a cadeira ensangüentada foi direto. A cara de espanto dele me deixou ainda mais assustado com tudo. Ele voltou a olhar para mim.
- Não me diga que o Stephen passou a noite aqui, Chester.
Ao arregalar os olhos de surpresa com o que ele havia dito, tinha entregado a resposta pra ele. Ygor começou a transformar sua fisionomia e estava prestes a chorar.
- Eu... Eu... Também fui estuprado Chester.
(continua)

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Vol. 11 - Ok, Let's Eat a Pizza...

Posted by Chester
Theo acabou se apoiando sobre a bancada antes que seu joelho fosse de encontro ao caco da taça e ao mesmo tempo esmagasse minha mão sobre ele. Porém, isso não evitou que eu acabasse cortando minha mão.
- Chess, me deixa ajudar você. Não olhe.
Ele já sabia que vê sangue me provocava náuseas e tontura. Theo me ajudou a levantar e levou minha mão até a pia, onde despejou água corrente e tirou outro caco que havia ficado preso. Depois, enrolou minha mão em um pano limpo com todo o cuidado.
- Fique aqui, vou pegar meu kit de primeiros socorros. Não olhe para a mão, ok?
- T-t-tudo bem... - balbuciei.

Minutos depois, já estava eu com um curativo na mão. Digamos que curativos não era o ponto forte dele. Minha mão parecia ter sido mumificada pela quantidade de ataduras que ele pôs.

Theo limpou a cozinha e prosseguiu com o jantar. Ficamos um bom tempo em silêncio, até que ele veio na minha direção e se abaixou bem na minha frente.
- Está tudo bem com você?
- Desculpa Theo, mas aconteceu algo bizarro agora pouco...

Contei a ele sobre os pensamentos que tive ao ver os cacos de vidro pelo chão e que aquelas lembranças ainda me feriam muito. Embora ele parecesse acostumado com a perna mecânica, para mim era como se aquilo fosse algo que estava nele somente por minha causa. E aos poucos, meus olhos começaram a se encher de lágrimas.
- Chester, presta atenção...
Ele começou a levantar a calça e deixar à mostra a barra metálica que hoje ocupava o lugar de uma perna linda no passado. Depois de ter dobrado a calça até a altura do joelho, Theo pegou minha mão e levou até a perna.
- Vamos, toque.
- N-n-não, não quero fazer isso...
Quando vi, já estava tocando. Num primeiro toque, senti a frieza de um metal. Algo que não pertencia àquele lugar. Ao ver que não estava me sentindo confortável com a situação, Theo pegou meu rosto pelo queixo e me fez encará-lo.
- Chester, hoje isso pertence a mim. É o elemento que me ajuda a me locomover. Não nasci com ele, é verdade, mas hoje... Hoje isso me dá forças para continuar vivendo. E escute isso bem... Eu jamais culparia você pelo o que aconteceu. Ninguém tem culpa disso. Foi minha escolha tentar salvar você, e ao fazer isso saberia que tinha riscos. Sinto culpa por várias outras coisas, mas jamais... Jamais por esta perna. - e esboçou um sorriso.
E se não fosse o cheiro de queimado que invadiu a cozinha, provavelmente teríamos nos beijado.
- As minhas batatas!
Quando olhamos para a panela, as batatas haviam se transformado em uma espécie de pasta preta, e o cheiro de queimado era horrível. Theo olhou para mim numa cara de desânimo.
- Bom, e que tal uma pizza? - ele sugeriu, e caímos na risada.

Nos jogamos no sofá para assistir TV, enquanto aguardávamos a pizza. Estávamos sentados um do lado do outro, praticamente grudados. Nossos braços estavam sobre uma almofada e várias vezes se roçavam. Embora soubesse que Theo queria me beijar, não conseguia criar coragem para tomar iniciativa. Senti diversas vezes os pêlos dos braços dele roçarem os meus. E ele parecia estar gostando da brincadeira, pois também não tomou nenhuma atitude. Algumas vezes o peguei me olhando, mas quando eu me virava ele voltava os olhos para a TV. Quando finalmente nossos dedos mínimos se encostaram, Theo passou o dedo dele sobre o meu e puxou. Logo nossas mãos se entrelaçaram. E nossos olhos, finalmente se encontraram.
E sim, a maldita campainha tocou naquela hora.
(CONTINUA)

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Vol. 10 - And I Say No... No... No!

Posted by Chester
As semanas que passaram foram inacreditáveis. Fazia muito tempo que não me divertia tanto, ainda mais acompanhado. Stephen era o tipo de cara que estava sempre disposto a qualquer programa. Desde ir caminhar no parque no sábado de tarde até perder algumas horas de sono assistindo DVDs até tarde da noite.

Naquele fim-de-semana minha mãe não estaria em casa, pois iria num passeio com as amigas dela. Convidei Stephen para jantar e assistirmos juntos alguns filmes. Pensei até que poderíamos dormir juntos, mas dormir literalmente.
Ele chegou pontualmente no horário marcado e trouxe as coisas que eu havia pedido do supermercado que eu não tinha em casa. E logo fomos para a cozinha. Eu estava faminto.
- Ainda bem que você chegou, não agüentava mais de fome...
- É, eu também estou com fome... - disse enquanto me abraçava por trás e me dava mordidas no pescoço.
- Hahahahaha... Para com isso!
- Ah, vai dizer que você não gosta?
- Digamos que não é hora para isso.
- Tudo bem. Olha só, trouxe algo para incrementar nosso jantar. - e tirou de um saco de papel uma garrafa de vinho.

Minhas experiências com bebidas alcoólicas nunca foram muito satisfatórias. Geralmente ficava enjoado ou com muito sono. Mas, como ele parecia tão empolgado com aquilo que resolvi ceder e beber uns goles. Uma taça talvez me deixasse só alegrinho, pensei.

Enquanto eu jantava, bebericava minha taça. Stephen não deixava nunca que ela esvaziasse e eu continuava bebendo como se o vinho não tivesse efeito nenhum.
Acabamos de jantar e nos jogamos no sofá. Colocamos o primeiro filme para ver, mas o que deu para perceber é que Stephen não estava a fim de ver filme nenhum. Logo começou a me agarrar. No começo estava gostoso. Porém ele estava indo muito depressa ao ponto...
- Stephen... Vai com calma!
- Eu não to fazendo nada de mais...
- Stephen, por favor... Não... Não quero fazer isso.
- Ah, capaz que você não quer...
- Stephen... NÃO!
Nessa hora ele me pegou pelos braços e ficamos frente a frente. Ficou me encarando com uma cara como se a situação fosse a mais normal do mundo. Uma tontura invadiu meu corpo e logo minha visão ficou deturpada e perdi os sentidos.

Acordei no outro dia com Rose me ligando. Tinha marcado de fazer um trabalho com ela. Já deveria estar lá fazia uns vinte minutos.
- Chester, onde você está? Estou aqui esperando. Liguei para você várias vezes mas ninguém atendia!
- Oi Rose. Olha só, eu perdi o horário. Mil desculpas. Vamos fazer assim. Deixa que eu faço o trabalho e depois mando ele por e-mail, ok? Daí você pode ler e corrigir qualquer coisa. Desculpa mesmo.
- Tudo bem Chester. Se precisar de alguma coisa me avise. Cuide-se.
- Você também.
Ao desligar o telefone, sentei em uma cadeira. Estava extremamente tonto e mal conseguia ficar em pé. Sentado, uma sensação quente me invadiu. Algo líquido e quente escorria na cadeira.
Eu estava sangrando.
(CONTINUA)

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Vol. 9 - Heroes and Saints

Posted by Chester
Theo sempre soube como me deixar sem graça. E isso nem é uma tarefa difícil, já que qualquer elogio direcionado a mim é capaz de tornar o meus rosto tão vermelho quanto um tomate. E era assim como eu estava na frente dele agora. Nervoso com a situação e sem saber o que dizer, meti a boca direto na minha taça de cappuccino e dei um grito de dor. Ao perceber a situação ridícula em que me encontrava e ao ver que todos no café me observavam por ter queimado a língua com o líquido quente, comecei a rir. Algumas pessoas esboçaram um sorriso e voltaram ao que faziam. Theo, que começou a rir junto comigo, falou:
- Você continua o mesmo atrapalhado de sempre...
- Infelizmente foi algo que ainda não superei... Não me ensinaram no colégio como deixar de ser um nerd idiota. - e rimos juntos.
- Bem, eu queria poder ficar mais tempo contigo hoje, mas a babá do Henry terá que ir embora mais cedo, então daqui a pouco eu vou ter que ir.
- Entendo.
- A não ser que queira conhecer onde eu moro... Posso preparar algo para jantarmos, assistir um DVD...
- Se não sentisse um cheiro de segundas intenções no ar, era capaz de ir mesmo...
- Ah... Desculpa... Não tinha essa intenção. - ele disse, sem graça.
- Aham, sei...
A cara de decepção em Theo derreteu meu coração. Era claro que eu queria ir, mas estava tudo tão rápido. Maldito coração mole...
- Bom, eu só espero então que saiba cozinhar bem e que o filme seja bom.
Um sorriso iluminado surgiu no rosto dele.
- Será tudo maravilhoso, eu prometo.

Saímos do café pouco tempo depois. Passamos num supermercado e em uma locadora. Theo queria um filme mais romântico, mas eu queria mesmo algo bem assustador. Afinal, filmes de terror ajudam a forçar um clima nas cenas mais violentas. Pelo menos eu imaginava que funcionaria.

Theo estava morando praticamente sozinho num apartamento enorme. A decoração vitoriana deixava um ar clássico e requintado no ambiente. Confesso que me senti meio deslocado naquela sala enorme, digna de uma revista de decoração. Enquanto eu observava tudo meio atônito ele largava as compras sobre um aparador.
- Vem, quero mostrar a casa. - me pegando pela mão.
Ao pegar na minha mão, uma sensação indescritível passou pelo meu corpo. Era como se tudo em mim se enchesse de coragem e de ternura. Meu coração passou a bater mais forte e que aquela mão fosse a coisa mais confiável do mundo. Ela poderia me levar a qualquer lugar do mundo e eu jamais hesitaria em segui-la.
Passamos por diversos cômodos até que chegamos ao quarto de Henry. Decorado com um papel de parede que lembrava uma noite muito iluminada, e no centro um lindo berço branco de ferro enlouqueceria os olhos de qualquer mulher grávida. Ao chegar mais perto e ver aquela pequena criaturinha dormindo, tão frágil e tão doce que ficaria a noite inteira admirando ela dormir. De uma cadeira de balanço, a babá se levanta, meio que dormindo e sai, se despedindo rapidamente. Theo pega a babá eletrônica sobre uma cômoda e liga colocando no berço de Henry.
- Vamos, ele vai demorar para acordar. - e me pegou pela mão.
- Boa noite anjinho - balbuciei.

Voltando até a cozinha, Theo começou a preparar o jantar, enquanto eu ficava sentado tomando uma taça de vinho.
- Tem certeza de que não quer ajuda? - perguntei.
- Hoje você é meu convidado. - e me deu uma piscada.
Distraído, coloquei a taça sobre a bancada, mas ela caiu e se espatifou no chão.
- Ai, que desastre...
Me abaixei para juntar os cacos e Theo, se abaixou para me ajudar. Ao ver que ele se abaixava e iria se ajoelhar sobre um caco grande, logo uma onda de lembranças invadiu minha cabeça.
- Theo, cuidado...
E em câmera lenta revi a cena em que Theo caia sobre os cacos de vidro e logo depois a cena em que descobrimos juntos que a perna dele havia sido amputada. A angustia de rever tudo aquilo fez com que eu enfiasse a mão sobre o caco antes que o joelho dele se encontrasse com o chão.
(CONTINUA)

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Vol. 8 - Fu** ya, stupid nerd!

Posted by Chester
Já no outro dia recebi uma ligação de Stephen. Ele realmente parecia não estar com nenhuma vontade de ter nada com Ygor. E confesso que jamais me imaginei tendo algo com ele também. Stephen me convidou para ir ao cinema, coisa que eu não fazia a anos. Aceitei o convite com um pé atrás. Não entendia a urgência dele em me ver. E também, com o passar do dia, me lembrei de Ygor, e apesar de ser tão egocêntrico, era capaz mesmo de ter gostado do rapaz e eu por puro capricho, resolvi tirar o que supostamente naquela noite era para ser meu. Estava me tornando um tipo vingativo mesquinho.
- E então, que horas eu te encontro?
- Bom, depois das 18h estou livre. Encontro você na Picaddilly?
- Sim, próximo a Virgin.
- Ok. Qualquer problema eu aviso.

No fim da tarde, não me agüentando de remorso, liguei para Stephen e desmarquei tudo.
- Minha mãe não está se sentindo muito bem... Vou ter que ficar em casa hoje com ela.
- Ah, que pena então... - respondeu desanimado - Melhoras pra ela.
- Obrigado. Marcamos outra hora, ok?
- Claro. Se cuida.
- Você também.

Chegando em casa, cumprimentei minha mãe, que estava ótima, e algumas amigas dela que haviam se reunido para um chá e me dirigi correndo para o telefone.
- Alô?
- Oi Ygor, é o Chess!
- Ah, é você...
- Está tudo bem?
- Você deve saber melhor do que eu. Aliás, nem sei porque continuo falando com uma pessoa que é capaz de me apunhalar pelas costas. Deveria te dizer mil coisas...
- Ygor, eu...
- Quer saber, que se dane você, seu nerd ridículo. - e desligou.
E eu fiquei sem entender muita coisa que havia se passado naquela tarde. Eu só queria saber o que Stephen havia dito a ele.
(CONTINUA)

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Vol. 7 - You'll aways be my boo...

Posted by Chester
Já eram 17h e eu estava saindo do escritório quando recebo uma mensagem de texto.
“Se puder, gostaria que me encontrasse no mesmo café de ontem, por volta das 18h. Gostaria de conversar contigo de novo, se quiser. Aguardo você. Theo.”
Comecei a digitar uma mensagem, mas como fazer isso e caminhar é algo impossível para qualquer pessoa normal, imagine para mim. Resolvi então ligar.
- Oi Chess!
- Hã... Ah, oi Theo... Hehehe. Não estava esperando essa recepção.
- Desculpa.
- Não, tudo bem. Olha só, estou muito longe daquele café. Ontem fui até lá porque tinha que resolver umas coisas lá perto, então...
Estava prestes a desmarcar, mas então o som do suspiro dele deixou meu coração derretido e então acabei voltando atrás...
- ...quem sabe não podemos nos encontrar num outro local. Estou perto de Nothing Hill. Tem um café ótimo perto da estação. Que tal nos encontrarmos na estação mesmo e depois irmos ali?
- Ótima idéia. Que tal umas 18 horas?
- Por mim tudo bem.
- OK, encontro você lá.

Por que me coração neste em ser tão rebelde? Eu deveria ir para casa e esquecer que isso tudo aconteceu. Foi ele quem sumiu e não me deu notícias. Foram seis longos anos esperando por um sinal... Mas, como já tinha marcado o encontro, agra teria que ir. Entrei em umas lojas de roupas para fazer tempo e fiquei tão entretido com a quantidade de cachecóis que experimentei que quase perdi a hora.
Cheguei na estação e lá estava ele. Era estranho vê-lo de pé, imaginando que debaixo daquelas longas calças de veludo havia um bastão de liga metálica em vez de uma perna normal de carne e osso. Apressei o passo e cheguei de frente a ele.
- Oi, desculpa... Perdi o horário comprando umas besteiras.
- Hehehe... Notei pelas sacolas.
- Comprei uns cachecóis novos para ver se consigo ficar mais bonito nesses dias tão feios de inverno... Não que eu consiga, mas...
- Até parece que precisa disso para ficar mais bonito.
- Se você diz...

Chegamos à rua e esperamos para atravessar. Ainda continuava impressionado em saber como ele tinha conseguido se adaptar tão bem com aquela perna mecânica. Não parecia que ele estava usando uma. Distraído olhando para a perna de Theo, comecei a atravessar a rua, sem perceber que um ônibus vinha em minha direção. Mais atento que eu, Theo me puxa com o braço para trás, o que quase me leva ao chão a não ser pelo outro braço dele que me enlaçou. Como se fosse a cena de um filme romântico da década de 50, ficamos nos olhando como se depois daquilo fosse acontecer um beijo. Só que simplesmente nos olhamos e sorrimos da situação. Após ficar de pé novamente, iniciamos a travessia e entramos no café em um total e absoluto silêncio.

Entramos e nos sentamos próximos à janela. Pedimos dois cappuccinos e começamos a conversar sobre amenidades. Até que chegamos ao assunto “o que terá acontecido aos nossos colegas de colégio”. Muitas risadas depois, Theo se arrisca:
- Mas falando sério, jamais imaginaria que você ficaria tão bonito depois desses anos todos...
- Eu sei que nasci predestinado a ser feio, mas obrigado pelo suposto elogio. - e rimos.
- Quando digo isso é porque sempre imaginei que ficaria parecido com o que era... E tá bom, talvez, lá no fundo imaginasse que pudesse ter ficado feio.
- Nossa, obrigado por isso... - e voltamos a rir. Até que Theo interrompeu meu riso.
- E eu jamais imaginaria que continuaria tão apaixonado quanto estou nesse momento por você.
(CONTINUA)

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Vol. 6 - Don't leave me this way...

Posted by Chester
Nos primeiros anos de faculdade, meu único amigo gay sempre foi o Ygor. Não que não tenha conhecido outros, mas como convivíamos quase que diariamente, mantínhamos uma relação amigável. No começo era tudo muito divertido. Mas conhecendo mais a fundo, percebi que Ygor jamais seria um amigo verdadeiramente leal. Certa noite havíamos marcado com um grupo de amigos para jantar. Fomos todos para a casa de George, um novo conhecido meu de uma balada. Como ele e Ygor tinham amigos em comum, provavelmente acabaríamos todos nos encontrando por lá. Sentado num sofá conversando com uns rapazes que tinha acabado de conhecer, a campainha toca. Imaginei que poderia ser o Ygor, e assim me sentiria pelo menos um pouco mais a vontade. Confesso que nunca fui a pessoa mais simpática à primeira vista, mas tudo isso foi sempre devido a uma certa timidez que sempre me rodeou. E eu estava certo, logo passou pela porta o Ygor. Me viu, fez uma cara de surpreso, mas logo sorriu e puxou Stephen para a sala com ele.
- Chester, querido! Tudo bem? Lembra do Stephen?
- Oi Ygor. Lembro sim, é claro. Tudo bem com você?
- Tudo bem. - Stephen respondeu meio constrangido com a situação.
- Bom, vou ver se George necessita de ajuda na cozinha. - e saí dali sem esperar uma resposta. Me escorei nos armários da cozinha e peguei uma cerveja preta. Preferi acreditar que Ygor não estava me “desafiando” ao trazer Stephen para o jantar. “Provavelmente eu nem ficaria com ele mesmo. Como sou idiota!”, pensei. Olhei George e outras pessoas se virando na cozinha e resolvi oferecer ajuda. Com os pratos quase prontos, o pessoal começou a levar até a sala tudo e eu fiquei ali lavando alguns talheres.
- Precisa de ajuda? - uma voz apareceu por trás e mim.
- Já estou terminando.
Somente quando me virei, percebi que era Stephen.
- Hey! É você! - esbocei com certa surpresa.
- É... Pois é... - Ele olhou para os lados, como se estivesse fugindo ou com medo - Escute Chester, eu quero me desculpar se pareceu que ficou algum mal entendido entre nós naquela noite na boate. Eu comecei a sair com o Ygor e tudo mais, mas...
- Stephen, você não precisa me explicar nada e sequer pedir desculpas... O que aconteceu, aconteceu, não é mesmo? - interrompi ele.
- Mas é que eu... Na verdade... Eu queria era sair com você!
(Silêncio)
- Mas acabou saindo com o Ygor. O que eu posso fazer agora? Pegar na sua mão e dançar tango no meio da sala?
- Não... Não é assim também... Mas é que o Ygor me disse que você não estava a fim de mim e...
- Como assim eu falei isso? - interrompi quase gritando - Eu mal falei com ele durante a festa!
- Bom, então ele veio dizendo que poderia ser meu prêmio de consolo, e outras coisas mais. Não consegui dizer não, porque quando vi ele já estava me agarrando.
- Interessante... Não sabia dessas atitudes do Ygor... Até porque ele havia me dito que você só tinha se aproximado de mim porque era tímido e queria chegar nele através de mim... Quantas histórias confusas não é? Em quem eu vou acreditar? - zombei.
- Eu já disse o que tinha para dizer, Desculpa qualquer transtorno. Gostei muito de ter conhecido você naquela noite e queria ter a oportunidade de conhecer você melhor. Desculpa, a burrada foi minha.
Meu coração mole ficou abalado e eu disse que aceitaria conversar com ele desde que ele terminasse qualquer tipo de relacionamento que ele tivesse com Ygor e contasse que estava a fim de mim. De pronto ele aceitou e me pediu meu número de telefone. Ficou combinado que ele me ligaria assim que tudo estivesse resolvido.
O jantar transcorreu normal. Comemos, bebemos e rimos de monte. George quando queria sabia cozinhar como ninguém. Perto da meia noite, os convidados começaram a se despedir. Não vi Ygor nem Stephen sair. Saí dali com um pessoal e pegamos o metrô. A chegar em casa, recebo uma mensagem de texto no celular.
Obrigado.
Imaginei de quem fosse, mas não entendi o que ele queria dizer.
Obrigado pelo que?”, respondi.
Não passou dois minutos e recebi a resposta.
Por ter desperdiçado seu tempo comigo e me ouvir.
(CONTINUA)

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Vol. 5 - If I never see your face again, I don't mind...

Posted by Chester
Não pude conter um sorriso no rosto. Talvez era a coisa que eu mais queria ouvir nos últimos anos. Reencontrá-lo e ver que ainda sentia minha falta. Naquele momento o mundo parou. Os flocos de neve ficaram paralisados no ar, assim como as pessoas. Eu não acreditava no que estava acontecendo na minha frente. Até que:
- Oi... Tem alguém aí? Hehehe...
- Hã... Ah, Oi... Desculpa... Estava longe.
- Eu notei. Pensava no quê?
Queria ter dito outra coisas, mas...
- Que realmente fazia muito tempo desde a última vez em que nos encontramos.
- Verdade...
Sou um idiota mesmo. Deveria ter dito algo que demonstrasse um certo sentimento, sei lá. Mas, tudo o que saiu da minha boca pareceu indiferença.
(Silêncio)
- Está solteiro, namorando?
- Hã?
- Está com alguém?
- Não... Eu não... Estou solteiro faz um bom tempo. - Seis anos, mas ele não precisava saber disso. - E você?
- Estou divorciado.
As surpresas nunca acabavam.
- Como assim divorciado?
- Bom, é uma longa história, mas como temos um tempinho vou contar para você. Com mais ou menos 21 anos conheci uma garota e nos casamos. Ela era minha fisioterapeuta. Mas um dia ela descobriu que nosso casamento não era exatamente por amor e abandonou tudo. Meses depois recebi do advogado dela o pedido de separação. E nunca mais a encontrei. Desde então estou sozinho.
- Nossa... Tem mais alguma coisa para me surpreender? - zombei assustado com a resposta que poderia vir.
- Sim, tem sim... Mas essa é uma coisa boa... -e abriu um enorme sorriso.
- E o que é?
- Eu tenho um filho.
Meus olhos se arregalaram de surpresa, fui indo para trás em busca do encosto cadeira, como se quisesse fugir do que eu estava ouvindo. E esta não agüentou. Uma de suas pernas se partiu e imediatamente fui arremessado ao chão, assim como o meu rosto assim que ouvi aquela noticia.
- Chester! Tudo bem com você?
Atirado no chão, com as minhas duas pernas para cima, somente agora pude perceber que ele tinha novamente as duas pernas. Me apoiando no chão grudento, me levantei e acabei me sentando na outra cadeira. Ainda um pouco chocado com aquilo tudo, vejo Theo pedir ao baixinho uma garrafa de água. Quando voltei a si, perguntei de onde havia surgido a outra perna. Prontamente me levantou a calça e me mostrou uma reluzente viga metálica no lugar de uma linda panturrilha que ali havia existido um dia. Um sentimento de culpa pairou no ar.
O baixinho veio com a água e trouxe um copo molhado junto. Abri a garrafa e tomei no gargalo mesmo. Só parei quando a garrafa estava praticamente vazia.
- Coloquei assim que cheguei em Glasgow. Não foi fácil de me adaptar, mas agora já estou acostumado.
- Eu, eu me sinto tão mal... Tão culpado por isso que aconteceu... Eu... Eu..
- Eeeii... Não tem do que se culpar... Você jamais poderia prever que aquilo iria acontecer... Acalme-se. - E passou a mão sobre o meu braço. Já não estava com forças para agüentar aquela situação. Me levantei, tirei 5£ da carteira e sobre ele coloquei um cartão com meu telefone e pus na mesa.
- Olha, se quiser conversar outra hora.. Eu... Eu não estou bem. Me desculpe.
Peguei meu casaco e saí dali sem olhar para trás, mesmo sabendo que eu poderia nunca mais ver ele de novo.
(CONTINUA)

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Vol. 4 - I don't need your sympathy...

Posted by Chester
Na volta para casa, Ygor me observava e queria saber o porque estava de cara tão amarrada. Eu respondi que não tinha gostado muito da festa e que estava cansado, queria ir logo para a casa dormir. Mas a verdade é que não suportei a idéia de ter sido trocado pelo meu melhor amigo. “O que ele tem de melhor que eu”, pensei. Bom, talvez o Stephen gostasse de rapazes mais afeminados. Mas estava me recusando a acreditar nisso.
- Viu o gato que eu peguei? Pensei que ele estava dando mole para você, mas pelo jeito ele estava mesmo era a fim de mim.
- Como assim? Ele não me falou nada sobre isso...
- Bom, ele me disse que é tímido e preferiu se aproximar de um amigo meu primeiro para saber se eu estava sozinho. Ele tinha visto nós dois chegarmos juntos a boate. O bom é que trocamos telefones e vamos marcar de nos encontrar para sair de novo. Não é o máximo?
- É sim Ygor. Parabéns.

Naquela noite não consegui dormir. Me achava a pior criatura da face da Terra. “Será que sou tão feio assim?”, “Será que nunca mais ninguém vai me olhar?” eram as coisas que mais martelavam a minha cabeça. No outro dia em sala de aula encontro Ygor todo feliz contando a novidade para as meninas. Chegando próximo ao grupinho, Rose me cumprimenta e pergunta o que eu tinha achado da festa. Ao responder que não tinha gostado muito, Ygor levanta a voz e responde com desdém.
- Deve ser porque você não ficou com ninguém não é? Também, ficou fazendo cara feia para todo mundo... Não é a toa que ninguém quer você mesmo.
Impossibilitado de fechar a boca para aquela resposta e sem ter nada plausível para responder, me virei e coloquei minhas coisas sobre uma mesa. Me sentei e ali fiquei durante toda a aula. Jamais me senti tão humilhado, mas ao mesmo tempo estava achando que aquilo que me foi dito era verdade. Talvez eu fosse um babaca e nenhum outro cara se atreveria a me olhar na cara de novo. Talvez o culpado disso tudo fosse Theo por ter me abandonado. Ou talvez a culpa tenha sido mesma minha. Era tão inocente para esse mundo onde todos eram tão volúveis e corruptíveis Não queria ninguém por perto. Queria ficar só naquele momento. Me esconder de tudo e de todos. Rose veio e se sentou do meu lado. Vendo que eu estava mal, me disse baixinho:
- Esquece isso...
(CONTINUA)

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Vol. 3 - Comin' back for more...

Posted by Chester
Havia passado seis anos da última vez que havia encontrado Theo. Foram seis longos anos esperando este momento. Agora, eu estava ali, frente a frente com o cara por quem um dia me apaixonei e que havia desaparecido do dia para a noite. Depois da última vez que falei com a mãe dele, tentei encontrá-lo, mas minha entrada não foi permitida no hospital.Tenho certeza de que meus bilhetes jamais foram entregues pela enfermeira. Provavelmente a mãe dele havia interceptado eles antes que chegassem a mão de Theo. Os dias passaram até que um dia a enfermeira me notificou que ele havia recebido alta. Mas cheguei na casa dele e ela estava vazia. A família inteira havia desaparecido da cidade. E assim, fiquei sem notícias por anos. Naquela hora, eu queria ir até a mesa dele, dizer um monte de verdades. O sangue corria quente nas minhas veias. Mas meus pés pareciam estar presos ao piso vagabundo de linóleo daquele café. Aos poucos, a surpresa nos olhos dele deram início a um pequeno sorriso, e com um movimento de cabeça permitiu que eu me aproximasse da mesa.
- Eu não posso acreditar no que estou vendo... - foi só o que consegui pronunciar.
- Pois digo o mesmo! - respondeu sorrindo.
Theo estava um pouco mudado. Seu corpo atlético tinha dado espaço a um rapaz mais rechonchudo. Havia crescido um pouco mais, mas o rosto se mantinha quase o mesmo, a não ser pela barba e pela expressão de ter dormido pouco.
- Os anos fizeram bem para você...
Só pude retribuir com um sorriso.
- O tempo fez estragos é em mim... Hahaha. - e acabei dando uma risadinha amarela. - Mas aí, o que me contas? O que tem feito da vida?
- Nada de mais. Me formei em Turismo e Gestão Hoteleira e estou trabalhando em um agência de intercâmbio. Estou em Londres praticamente desde a minha formatura. E você, o que tem feito?
Na verdade, queria ter dito mil coisas. Queria saber o porquê dele ter sumido sem sequer dar um recado, um telefonema. Simplesmente saiu da minha vida, assim como entrou.
- Bom, logo após o acidente me mudei com meus pais para Glasgow. Me formei no colégio e cursei Finanças na universidade para poder assumir o lugar do meu pai na empresa dele. Ano passado, depois que os dois faleceram num acidente de carro, vendi a empresa e comprei um apartamento aqui em Londres. Comecei uma pós-graduação enquanto trabalho em uma empresa de um amigo do meu pai. E é isso... Mas, eu quero saber o porque você sumiu sem deixar notícias... Desde o dia em que eu descobri que a minha perna foi amputada eu nunca mais soube nada de você... O que houve?
Eu não sabia o que responder. Theo achou que era eu quem o havia abandonado, enquanto naqueles anos todos quem se sentia o abandonado era eu.
- Theo, eu estive no hospital praticamente todos os dias até a sua alta, mas minha entrada nunca foi permitida. Deixei diversos bilhetes com a enfermeira, até que um dia...
- Um dia o quê? - como se desconfiasse de cada palavra minha.
- É melhor deixar isso para lá.. Faz muito tempo que isso aconteceu.
- Não, por favor. Fale. Eu insisto.
Preferi me calar. Olhei para a mesa e comecei a bater com os dedos sobre o tampo engordurado. Não iria adiantar nada culpar a mãe dele que já não estava mais presente para se defender de tais acusações.
- Foi minha mãe?
E a resposta obtida novamente foi o meu silêncio. Meu rosto começou a se fechar como se logo as lágrimas viessem a cair. Acho que percebendo isso, ele parou com as perguntas.
Ficamos longos minutos em total silêncio. Respirei fundo, joguei minha cabeça para trás, como se aquele ritual me fizesse ter forças para continuar enfrentando ele. Nossos olhos voltaram a se encontrar. Ele, com um sorriso de canto de boca diz:
- Senti tua falta.
(CONTINUA)

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Vol. 2 - The party is over...

Posted by Chester
O tempo passou e finalmente eu iria me formar. Finalmente iria sair daquela cidade, e assim, fugir das recordações. Fugir de um primeiro amor frustrado era tudo o que eu precisava. Havia planejado com Meg de morar em Londres por um ano antes de começarmos a faculdade. Nossos pais não haviam gostado muito da idéia, mas no fim, acabaram nos ajudando a encontrar um apartamento, desde que nossa carreira acadêmica não fosse esquecida. Após um ano de diversão, Meg e eu entramos na Universidade. Enquanto ela decidiu entrar para a carreira administrativa, eu preferi entrar para o ramo do turismo. Sempre havia gostado da idéia de trabalhar com locais e pessoas diferentes, e no fim, acabei me identificando com o meu curso. Com o passar dos anos, perdemos o contato. Meg se mudou para dividir um apartamento com a prima e cada um foi para seu lado. Mas amizades entre os colegas aumentaram. Aos poucos fui entrando no mundo gay e me assustando com tudo o que via. Tudo era novo e ao mesmo tempo tão diferente para mim. Meu primeiro amigo gay em Londres foi Ygor. Ele tinha vindo da Rússia estudar e apesar de ele ser ligeiramente afeminado, houve uma identificação mútua e logo passamos a freqüentar todos os locais juntos. Mas meu grande primeiro choque do mundo gay foi quando Ygor me convidou para nos arrumarmos para sair, na casa dele. Depois de ter trocado de roupa e ter dado um ajeitada no cabelo, ele vem para a frente do espelho comigo e começa a passar pó no rosto. Meus olhos entregaram a minha expressão de espanto que foi respondida da seguinte forma:
- O que foi? Isto é para me deixar mais bonito. - dizia com um sotaque extremamente carregado, e por vezes engraçado.
- Eu achava que isso era para mulheres! - respondi.
- Deixe de ser bobo! Eu ainda vou passar delineador também.
Olhei para ele com uma cara estranha e voltei para a sala. Saímos e fomos para a festa. Logo, me senti rejeitado por tudo e por todos. Aceitei o papel de rejeitado e me tornei o melhor intérprete dele. Aquele lugar não era para mim. Ygor tentava me enturmar com alguns amigos dele mas não me sentia muito à vontade. Todos falavam gírias bizarras e usavam roupas estranhas. Eu me sentia um ornitorrinco na Gaiola das Loucas. Fiquei sentado em um sofá grande enquanto todos dançavam. Já estava entediado com aquela gente e aquelas músicas pop do momento. Até que um rapaz me olhava enquanto dançava com um grupo de outros rapazes. Bem menos afetados do que todos os outros que se encontravam na boate, eles chamavam a atenção de todos. Diversas vezes o peguei me olhando enquanto dançava até que numa troca de música o grupo se dispersou e ele veio na minha direção e se sentou do meu lado.
- Pelo visto não está gostando muito da noite não é? - ele veio perguntando.
Esbocei um sorriso sem graça e concordei com a cabeça.
- Veio sozinho?
- Não, vim com um amigo.
- Só amigo? - perguntou rindo.
- Como assim?
- Hehehe... Esquece... Meu nome é Stephen, e o seu?
- É... Chester.
- Bem, prazer Chester... Pelo visto não está se divertindo muito, não é?
- Hmmm... Digamos que não estou acostumado a esse tipo de festa... - respondi sem sequer olhar para ele.
- Entendo. Então aposto que veio só por causa dos amigos, assim como eu, acertei?
- Exatamente.
- Interessante isso. Bom, vou até o balcão pedir algo para beber... Quer alguma coisa?
- Não, não... Estou bem...
- OK, não demoro. Daí pensamos em algo divertido para fazer. - deu um sorriso e saiu.
Mal Stephen saiu do sofá e Ygor aparece do nada do meu lado e já pergunta se eu estava “pegando” o cara.
- Mal conversamos! - respondi rindo
- Ta bom. Vou voltar para a pista, falo contigo depois.
Três músicas depois, resolvo ir até o balcão pegar uma garrafa de água e tentar reencontrar Stephen. Atravessando aquele monte de gente, chego próximo ao balcão. Praticamente do meu lado, vejo Ygor praticamente sentado no colo de Stephen enquanto se beijavam loucamente.
(CONTINUA)

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Vol. 1 - A long, long time ago... I can still remeber...

Posted by Chester
Após algum tempo sem postar, estou de volta. Preparem-se para novas emoções nesta segunda temporada! Enjoy it!

A noite estava gelada. Na rua, nevava como nunca havia nevado nos últimos anos. Estava sentado na frente da janela. Ela permanecia aberta. Enrolado no meu edredom favorito, com um enorme Spider-man estampado, observava o movimento dos pequenos flocos no vento. Tomava grandes goles de chá da caneca térmica que mantinha em uma das mãos, enquanto na outra, pendia um cigarro aceso. Fazia tanto tempo que não colocava um cigarro na boca que nem havia lembrado o gosto ruim que tinha, mas naquela hora, ele funcionava como calmante.

Naquela tarde aconteceu algo que eu jamais imaginaria. Tinha saído para comprar o presente de aniversário para Megan. Ela havia me dito o ano inteiro o que queria, o que tornou a busca bem mais fácil. Ela queria ingressos para o show da Mariah Carey. Parecendo um boneco de neve, saí então desbravando as ruas do centro atrás do ponto de venda dos ingressos. Quando finalmente encontrei, não imaginaria que existiria uma fila tão grande. Cerca de 25 minutos, estava com 2 ingressos na mão e um valor BEM salgado na fatura do cartão de crédito. Não estava muito a fim de ir no show, mas Meg havia insistido tanto que no fim das contas acabei cedendo. Eu mal conhecia as músicas dela. Saindo na rua de novo, o frio me gelou a espinha. Me senti mal, um enjôo súbito, como se algo estivesse para acontecer. Entrei no primeiro café que vi pela frente. A sineta da porta me assustou. Entrei correndo e me sentei na primeira mesa vaga que vi. Sentei, tirei o casaco grande de lã e friccionava as mãos uma nas outras tentando aquecer meus dedos já congelados. Quando parecia ter voltado a um estado normal, reparei bem onde estava. A mesa em que estava sentada era de uma madeira velha, já meio desgastada pelo tempo e pela quantidade de gordura que já esteve sobre ela. A cadeira da mesma madeira, parecia estar com seus dias contados. Além de bamba, era extremamente desconfortável. Logo, um baixinho com cara de rabugento, me perguntou o que eu queria. De pronto, respondi:

- Somente um chá com leite, por favor.

O baixinho se virou e reparei que não estava sozinho no local. Próximo a janela estava um senhor de idade, que observava as pessoas passarem pela rua enquanto tomava uma pequena xícara de café. E algumas mesas depois, um rapaz ria animadamente com uma senhora gorda e uma moça loura que parecia ser sua filha. Comecei a observar de relance as duas, pois tinham rostos familiares. Mas logo chegou o baixinho e jogou o chá sobre a mesa. Com cara de nojo, agradeci e ele resmungou algo numa língua incompreensível para mim. Olhei para o chá e desisti logo de tomar o primeiro gole. Voltei a olhar para a mesa e as mulheres estavam se despedindo do rapaz e já colocando seus casacos. Acompanhei elas com os olhos até a porta, mas não identifiquei quem era. Voltei os olhos à mesa. O rapaz agora se escondia atrás de um jornal. Com desânimo, olhei para o meu chá e mexi com a colher. E ver aquela mistura fez revirar meu estômago. Me levantei para pagar a conta e sair daquele ambiente logo. Colocando o meu casaco, vejo o rapaz baixando o jornal. E nossos olhos se encontraram.

(CONTINUA)

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Vol. 23 - He's Runaway!

Posted by Chester
A cara de pânico que Theo fez me deixou ainda mais assustado com o que eu acabara de ver. Ele começou a suar muito, tentou balbuciar alguma coisa. Acabou entrando em estado de choque e desmaiou. Nisso entram no quarto uma enfermeira e o médico. Ele me afasta da cama com o braço e tira o pulso de Theo, enquanto a enfermeira chama ajuda.

- Você não poderia ter deixado ele ter visto o que aconteceu... - dizia a enfermeira.

- Eu tentei impedir, mas...

- Devido aos cortes que ele teve na perna, não tivemos outra solução. A perna dele necessitou ser amputada ou ele poderia morrer. - dizia o médico - Mas ele parece estar bem... Dê a ele um sedativo enfermeira... Por favor rapaz, me acompanhe.

Fui com o médico até a sala de espera e ele informou a situação aos pais de Theo. Não queria conhecê-los naquela situação. A mãe de Theo se parecia um pouco com a minha. Era morena e parecia ainda ser jovem e seu pai, baixo e calvo. Eles ficaram chocados com tudo que o medico relatava. Pedi para minha mãe papel e caneta e escrevi um bilhete.

Theo,
Assim que acordar, por favor, me avise. Quero falar contigo.
Sinto tua falta.
Do seu,
Chess.


Pedi a enfermeira que entregasse assim que Theo estivesse recuperado a consciência. Ela pareceu entender a situação e disse que entregaria sim. Agradeci e pedi para minha mãe para irmos embora. O dia havia sido bastante cansativo. Pedi para minha mãe me deixar no colégio. Precisava pensar, tentar reagir. Era tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo. Antes de descer do carro, minha mãe me disse:

- Chester, meu filho. Não importa o que acontecer... Saiba que sempre pode contar com sua mãe.

Abracei ela muito forte e desci do carro. Fui direto para meu quarto e não saí de lá durante todo o dia.

Os dias passavam devagar... Não conseguia mais prestar atenção nas aulas. Tentava ligar para Theo no hospital mas a enfermeira sempre me dizia que ele estava dormindo. A situação começava a ficar estranha a cada dia. Liguei para casa e pedi autorização para minha mãe para ir ver Theo no hospital. Com uma voz estranha, ela disse que não poderia ir me buscar e nem me dar autorização pois não estava se sentindo muito bem e não iria sair de casa. A desculpa dela não me pareceu convincente. Tinha algo de estranho no ar. E eu não podia fazer nada. Voltei a ligar para o hospital e falei com a enfermeira:

- Desculpe Chester, o Theo ainda está dormindo.

Diga a esse garoto deixar o Theo em paz”, gritou uma voz feminina ao fundo. Parecia enfurecida e nervosa ao mesmo tempo.

- Acho que você ouviu, não é? - disse a enfermeira e desligou o telefone.

O telefone caiu de minha mão...

FIM DA PRIMEIRA TEMPORADA

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Vol. 22 - Should I Laugh or Cry

Posted by Chester
Após todas as explicações para a polícia, minha mãe chegou, Nunca tinha visto ela com o rosto tão apavorado. Me abraçou e disse que queria falar comigo. Saímos daquela sala e fomos caminhando silenciosamente para um banco no jardim. E era aquele silêncio que me matava.

Depois de tudo o que aconteceu, eu só queria ouvir uma palavra de carinho ou, até mesmo um abraço. Palavras só poderiam piorar tudo. Nos sentamos. Ela olhou para o chão, acho que procurando palavras para me dizer.

- Chester... Eu acabei de ouvir uma história muito estranha... Mas quero ouvir a verdade da sua boca... O que aconteceu aqui meu filho?

Uma lágrima rolou do meu rosto. Foi o suficiente para que minha mãe entendesse que aquilo realmente era verdade. Num primeiro momento, ela jogou o corpo para trás na cadeira, como querendo dizer “não posso acreditar”. Mas vendo que eu estava tão abalado com a situação, ela veio sentar do meu lado e me abraçou. Ficamos ali em silêncio por muito tempo. Muitas lágrimas caíram. Até que, muito tempo depois, só consegui dizer com uma voz chorosa:

- Mãe, não... Eu sei que você nunca vai entender isso... Assim como eu não estou me entendendo... Só queria que a senhora aceitasse...

- Filho, acima de tudo, você é como eu disse: meu filho. Não é fácil para mim como mãe entender o porquê escolheu esse caminho. Mas com o tempo, vou aprender a aceitar...

Um sorriso se abriu no meu rosto.

- Obrigado mãe. - e nos abraçamos.

Theo fora hospitalizado. Estava em coma e com diversas complicações por causa dos cortes que teve pelo corpo (ele acabou caindo sobre os estilhaços da garrafa). Durante algumas semanas, saía do colégio e ia visitá-lo no hospital.

Num desses dias, cheguei lá e perguntei para alguma enfermeira como ele estava. Pelo rosto dela, as notícias não eram boas.

- Esta noite ele passou por uma cirurgia de emergência. Foi algo grave e não havia outra solução... O médico...

Eu, desnorteado, corri para o quarto dele e não esperei para ver o que a enfermeira diria. Entrei, e fui direto para a cama. Peguei na mão dele:

- Theo, acorde, por favor... Acorde!

Seu rosto se mexeu.

- Theo!

As pálpebras começaram a se movimentar, e aos poucos, ele abriu os olhos. Senti uma felicidade inacreditável percorrer todo o meu corpo. E a mão dele apertou a minha.

- Theo, finalmente... Finalmente você acordou!

- Chess... Onde eu estou?

- Você está num hospital. Muita coisa aconteceu... Fique queitinho aí, eu vou chamar o médico.

- Eu preciso ir ao banheiro, vou me levantar...

- Não, fique quietinho, vou chamar uma enfermeira, espere aqui...

Theo, insistente se vira e retira o lençol.

E dois gritos ecoaram por todo o hospital.

(continua)

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Vol. 21 - The Final Cut

Posted by Chester
Meg, furiosa mordeu o lábio até sentir gosto de sangue na boca. Queria entrar e encher de socos aquela garota, mas sabia que sozinha não conseguiria. Sem saber o que fazer, saiu correndo dali para tentar pedir ajuda. Mas se esqueceu do líquido viscoso que continuava no chão e também caiu, sentada. Sentindo a perna e as nádegas dormentes, olhou para trás e viu que Chloe já estava na porta encarando ela.

- Onde você pensa que vai, sua gorda otária?

- Não me toque Chloe! Eu vou contar para todo mundo o que você fez...

- Ah não vai não sua vaca gorda!

Chloe veio correndo na direção de Meg e puxou ela pelos cabelos. Jogou ela com tanta força contra a parede que pude ouvir seu osso do braço trincar. Meg começou a gritar de dor e Chloe, desesperada, começou a chutar sua barriga gritando para que ela parasse.

- Eu vou matar vocês dois, seus monstros! Arruinaram minha vida! Agora vão pagar muito caro...

Tirou um canivete do bolso. E se ajoelhou calmamente em direção a Meg. Olhou com desprezo o corpo dela estendido se contorcendo de dor, a cara de apavorada dela e se preparou para dar a primeira punhalada.

- Isso não vai acontecer! - Theo gritou, enquanto estilhaçava uma garrafa no ombro de Chloe, fazendo com que jogasse o punhal longe. E depois disso a empurrou contra a parede, fazendo com que batesse a cabeça e desmaiasse.

Theo ajudou Meg a se levantar e pediu que esperasse ali enquanto ajudava a me libertar. Theo entra na sala meio tonto, me abraça quase chorando e desamarra as cordas. Theo me da um beijo e fomos em direção a porta.

Ao sair, encontro com Meg toda machucada e a abraço. Mas de repente Meg solta um grito

- Cuidadoooooo...

Theo rapidamente se virou e viu Chloe vindo em sua direção com um pedaço da garrafa estilhaçada. Mas ele não conseguiu desviar e o caco de vidro acabou perfurando seu abdome.

Vendo aquela cena soltei um enorme grito de pavor. Meg me abraçou forte pelas costas enquanto eu caia chorando vendo Theo desfalecido no chão. Ajoelhado, rastejei em direção a ele dizendo que tudo ficaria bem, que ele ficasse queitinho... Eu ia chamar ajuda...

- Chess... Eu te amo, muito.

- Não... Não vai... Eu também te amo, Theo. Fica comigo... Não vai...

- Ficarei... Contigo para semp...

Fechou os olhos.

Chloe, olhando a cena aterrorizada com o que foi capaz de fazer, pegou outro pedaço de vidro e me disse:

- Você nunca seria meu Chester. Nunca me amaria por completo... Adeus! - e cravou o caco de vidro no pescoço e se jogou no jardim.

Eu sacudia insistentemente Theo achando que ele ainda estava ali, gritando e chorando, até que Meg me abraçou por trás e me tirou de perto dele.

- Vamos Chess... Não há mais nada o que fazer... - ela dizia já com lágrimas nos olhos.

E logo depois chegou um dos vigias e viu o que estava ocorrendo e fomos socorridos.

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Vol 20 - She Knew There's Something Goin' On

Posted by Chester
Megan não se sentiu bem o dia inteiro. Desde o momento que não dei a mínima para ela, foi para o seu quarto e ficou lá chorando. Ela achava que eu tinha acreditado que fosse ela a autora dos bilhetes ameaçadores. Mas não agüentou mais ficar pensando mil coisas e resolveu ir atrás de mim.

Como não era permitido entrar no dormitório masculino, Meg entrou escondido. Se alguém a descobrisse por ali, poderia estar numa grande encrenca. Como já era tarde, havia pouco movimento nos corredores. Foi correndo até meu quarto, bateu na porta mas não obteve resposta. Girou a maçaneta e a porta se abriu. Com a luz que entrou do corredor, pode visualizar uma cena macabra. Theo estava atirado ao chão, com o rosto machucado.

Megan fechou a porta, acendeu a luz e se ajoelhou no chão para ver como Theo estava. Tentou acordá-lo e aos poucos recuperou a consciência.

- Megan... O que houve? Aaai, minha cabeça! - gritou.

- Calma! Deite-se de novo e me conte. Quem fez isso com você?

- Eu não sei... Fui atacado pelas costas... Não pude ver quem era...

- E onde está o Chess?

- Ele foi para a biblioteca fazer o trabalho... Ai, minha cabeça! - gemia de dor.

- Eu vou procurá-lo. Por favor, fique aqui e tranque a porta. Tem algo muito estranho acontecendo hoje nessa escola.

Meg ajudou Theo a se levantar e o acompanhou até a porta. Saiu correndo pelo corredor em direção a biblioteca, que naquela hora já deveria estar fechada. Enquanto corria, imaginava mil situações. Acreditou até que poderia ter sido eu que agredi o Theo e que poderia ter enlouquecido por causa dos bilhetes.

Parou de correr, já ofegante, pôde ouvir barulhos estranhos vindos de uma sala de aula no fim do corredor. Caminhando devagar, viu no chão uma espécie de líquido viscoso que brilhava com a luz da lua. E viu um rastro, como se algo havia sido puxado dali. Pisou cuidadosamente longe do líquido e seguiu em direção a sala, se esgueirando pela parede. Começou a ouvir vozes, mas não conseguia entender o que falavam. Foi se aproximando até que um grito a surpreendeu:

- Não toque em mim Chloe! O que você fez com o Theo? Me solta sua maluca!

E logo após um som seco, como se uma cadeira fosse jogada ao chão.

Resolveu então se aproximar da sala. Chegou até a porta entreaberta e conseguiu visualizar pouca coisa. Com a luz apagada, só podia ver o que a luz da lua conseguia iluminar. E bem na frente da sala estava eu atirado ao chão preso a uma cadeira. Desmaiado e com sangue saindo da boca.

Meg rapidamente voltou a encostar-se na parede e levou a mão a boca abafando um grito de pavor.

"Oh meu Deus, ela matou o Chess!", ela pensou.

(continua)

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Vol. 19 - Sickness Love

Posted by Chester
[Deseja ser avisado quando um novo post for publicado? Mande seu e-mail para
chester.surrendering@gmail.com e aguarde o fim dessa história!]

Tem situações em nossa vida que seriam dignas de um filme, ou até mesmo de final de novela mexicana. E parece que tinha chegado minha hora.
Sabe aquelas personagens que são secundárias e que no fim das tramas dão a volta por cima e se mostram os piores vilãos? Pois é... E essa foi a história.


- Eu não acredito nisso... Você! Mas... Por quê?

- Simplesmente... “Chess”, porque me apaixonei perdidamente por você. Desde que entrei nesse colégio não tirei os olhos de você...

- Mas precisava de tudo isso? - gritei. - Precisava me amarrar nessa cadeira e fazer tudo isso? SOCORRO! TEM ALGUÉM AÍ?

- Cala essa boca! Deixa eu terminar a minha linda e triste história...

Pegou um pedaço de fita adesiva e colou sobre minha boca. Depois, sentou-se sobre uma classe e continuou sua história bizarra. Percebi que estava totalmente perturbada psicologicamente pois chorava e ria da situação.

- Pois bem... Durante muito tempo achei que meu amor por você era bobagem, que era coisa de adolescente... Mas o tempo passou e meu amor por você só aumentou cada vez mais... E por mais que eu tentasse tentar entrar na sua vida... Droga! Eu nunca consegui... - e bateu forte com o punho na classe.

(silêncio)

- Bom, eu tentei me aproximar... Mas você sempre estava tão grudado com aquela garota idiota! Até pensei que... Se eu contasse para ela que estava gostando de você, ela pudesse me ajudar... Mas pelo que vi, só piorou pois desde então parece que você tem me evitado cada vez mais... - saiu de cima da classe e veio caminhando na minha direção.

- Mas desde que o tal de Theo entrou no colégio percebi que havia algo muito estranho com vocês dois... Era algo muito estranho... Vocês eram muito queridos um com o outro. Eu sempre sentei na classe logo atrás de você... E aposto que nunca percebeu isso! - gritou, cuspindo saliva na minha cara. Virou-se de costas, levou as mãos à cabeça, sacudindo os cabelos e bufou. Voltou a olhar para mim e disse:

- Até que um dia, li um bilhete que o Theo havia escrito e que você esqueceu sobre a classe. E assim, tive certeza e descobri tudo. - Começou a soluçar descontroladamente, chorando.

Secou as lágrimas com o dorso da mão e continuou, num tom entre a histeria e a loucura...

- Não pude agüentar! Não podia ver o cara que eu amei por tanto tempo em silêncio ficando... Com OUTRO CARA! Meu mundo caiu naquele momento! E isso não poderia ficar assim... Ah não! Se o Chester que eu amo não pudesse ficar comigo, não ficaria com ninguém... Então... Resolvi dar um jeitinho em você e no tal de Theo, que arruinou minha vida...

Tentei gritar alguma coisa, mas a fita me impedia. Só consegui fazer alguns sons estranhos. Até tentei me soltar, mas não sei como ela conseguiu amarrar tão bem aquelas cordas.

Ela vem na minha direção e pergunta:

- Não vai mais gritar?

Fiz sinal negativo com a cabeça e ela arrancou a fita. Vi estrelinhas depois que ela tirou e senti que meu lábio havia se cortado.

- Oh, você se cortou... Deixa eu te ajudar!

- Não toque em mim Chloe! O que você fez com o Theo? Me solta sua maluca!

Só pude sentir uma bofetada no rosto e apaguei novamente.

(continua)

1

Vol. 18 - Homeworks, Troubles and Ropes

Posted by Chester
Theo veio e sentou-se ao meu lado. Leu o bilhete e deu um grunhido de ódio.

- Theo, eu não agüento mais isso! Eu ando tão nervoso com tudo! Estou com medo! Não dá para continuar assim...

- Não dá mesmo Chess! Eu tô na mesma situação! Eu tô com vontade de quebrar a cara da sua amiguinha!

- Eu não acredito que você continue achando que foi a Megan que fez isso! Eu não posso estar tão errado... Eu conheço ela tão bem... Ela não seria capaz... - e o choro chegou.

- Ei, calma... - Theo sentou ao meu lado e me abraçou.

- Eu juro que vamos descobrir quem está por trás disso! E essa pessoa, seja quem seja, irá pagar caro!

- Pára Theo! Também não é assim!

- Não vamos brigar tá bom? Vamos fingir que nada está acontecendo... Sei que é difícil, mas... Já sei! Agora, sente bem longe da Meg. Vamos ver a reação dela.

- Eu quero estar errado quanto a isso... Não pode ser ela!

- Acredite, eu também quero estar errado.

Voltamos a aula e dei o maior gelo em Meg. E senti que ela ficou magoada. Mas eu tinha que resolver isso de uma vez por todas.

A aula acabou e o Mr. Roberts deixou um trabalho enorme para fazer e entregar em dois dias. Saí dali e falei por sinais com Theo dizendo que iria até a biblioteca começar o trabalho. Ele fez um sinal positivo e disse que iria para o quarto.

Estava tão envolvido com o assunto do trabalho que acabei perdendo a noção do tempo. Já passavam das 10 horas da noite e já não havia ninguém por perto. Peguei minhas coisas e resolvi sair correndo dali... Os corredores do colégio me causavam arrepios já de dia, então caminhar a noite não era muito confortante.

Como estava correndo, não pude perceber que havia um líquido viscoso no chão. Quando pisei ali, escorreguei e fui de cara ao chão. Senti uma pancada na cabeça logo após a queda, logo perdendo os sentidos e tudo ficou escuro.

Minutos depois, eu acordo com muita dor de cabeça. Olho para os lados e estou em uma sala de aula, praticamente escura, a não ser pela luz da lua que entrava pelas janelas. E só ai percebo que estou amarrado na cadeira. Tanto pelas mãos quanto pelos pés. Olhei para os lados e não via nada. Mas próximo a porta, pude visualizar um vulto. Comecei a gritar.

- Socoooorro! Estou preso aquii!

E da escuridão só pude ouvir um...

- Silêncio! Eles não vão te ouvir...

Essa voz... Eu conhecia essa voz, mas não estava reconhecendo quem era. Era uma voz suave...

- O que você quer comigo? Quem é você? O que eu fiz para você?

(silêncio)

- Respondeee! - gritei.

- O que você fez comigo Chester, foi a pior coisa que você poderia ter feito a qualquer pessoa...

- Mas o que foi que eu fiz? Quem é você afinal? - já choramingando.

E de repente o rosto sai das sombras enquanto fala...

- Você simplesmente... Roubou meu coração!

(continua)

2

Vol. 17 - Wrong way

Posted by Chester
Depois de uma ótima noite dormindo juntos, Theo me acorda para conversar. E falamos sobre o assunto que vinha nos atormentando nos últimos dias. Não andaríamos mais tão grudados, fingindo que estávamos brigados. Aceitei o desafio, mas depois que descobríssemos o culpado dessa história queria que tudo voltasse ao normal. E Theo, me dá um beijo concordando.

Chegamos na aula e nos sentamos um tanto afastados. Meg perguntou o que tinha acontecido e respondi meio alto, para que quem estivesse por perto ouvisse.

- Eu não falo mais com ele. É muito ignorante. Agora, só dividimos o quarto e só.

Eu reparei que Theo me olhou e fez uma cara de quem pouco se importa, mas quando voltou o rosto para frente, notei que ele começou a sorrir.

Algumas pessoas me olharam meio estranho, de cara torta. Haveria muitos suspeitos, mas e agora, qual deles? Durante a aula comecei minha lista. Tinha alguns suspeitos em mente, mas algo me dizia que não era nenhum deles.

Passei o dia inteiro com Meg, enquanto Theo almoçou e jantou sozinho. Estava mal de deixá-lo fazer isso sozinho. Fiquei com vontade de chamá-lo diversas vezes, mas evitei. Queria descobrir logo, essa história já estava me incomodando bastante.

Depois do jantar, voltei para o quarto. Theo já me esperava lá, de pé.

- Eu não agüentava mais esperar! Eu não consigo viver um minuto longe de você! - e me agarrou e nos beijamos enlouquecidamente.

Depois da sessão de beijos, mostrei minha lista para ele. Apesar de conhecer pouco os nossos colegas, achou pouco provável os nomes citados. Havia alguém que tinha um motivo muito sério por trás disso tudo... Mas quem?

Do nada, Theo citou um nome...

- Susie!

Na hora me choquei. Como é que eu não tinha me dado conta disso? Mas será que seria ela mesmo? Motivos ela teria! Mas e agora? Como descobrir se era ela mesmo?

No outro dia comentei com Meg sobre a Susie ser a provável ameaça. Theo não falava mais com ela pois desconfiava que Meg era uma das suspeitas. Meg concordou que Susie teria motivos sim de fazer isso por causa do que Theo disse do nariz dela. E pedi ajuda à ela para descobrir alguma coisa.

Quando voltei para o quarto depois do almoço para pegar um livro, no chão encontro outro bilhete, e para meu susto dizia:

O prazo está se esgotando e isto está virando uma piada! E a verdade quanto a minha identidade está bem longe de ser revelada! Vocês estão na pista errada, mas adoraria ver a Susie sendo culpada!

Nessa hora Theo entra no quarto e me vê sentado na cama com cara de apavorado.

(continua)

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