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Vol. 5 - If I never see your face again, I don't mind...

Posted by Chester
Não pude conter um sorriso no rosto. Talvez era a coisa que eu mais queria ouvir nos últimos anos. Reencontrá-lo e ver que ainda sentia minha falta. Naquele momento o mundo parou. Os flocos de neve ficaram paralisados no ar, assim como as pessoas. Eu não acreditava no que estava acontecendo na minha frente. Até que:
- Oi... Tem alguém aí? Hehehe...
- Hã... Ah, Oi... Desculpa... Estava longe.
- Eu notei. Pensava no quê?
Queria ter dito outra coisas, mas...
- Que realmente fazia muito tempo desde a última vez em que nos encontramos.
- Verdade...
Sou um idiota mesmo. Deveria ter dito algo que demonstrasse um certo sentimento, sei lá. Mas, tudo o que saiu da minha boca pareceu indiferença.
(Silêncio)
- Está solteiro, namorando?
- Hã?
- Está com alguém?
- Não... Eu não... Estou solteiro faz um bom tempo. - Seis anos, mas ele não precisava saber disso. - E você?
- Estou divorciado.
As surpresas nunca acabavam.
- Como assim divorciado?
- Bom, é uma longa história, mas como temos um tempinho vou contar para você. Com mais ou menos 21 anos conheci uma garota e nos casamos. Ela era minha fisioterapeuta. Mas um dia ela descobriu que nosso casamento não era exatamente por amor e abandonou tudo. Meses depois recebi do advogado dela o pedido de separação. E nunca mais a encontrei. Desde então estou sozinho.
- Nossa... Tem mais alguma coisa para me surpreender? - zombei assustado com a resposta que poderia vir.
- Sim, tem sim... Mas essa é uma coisa boa... -e abriu um enorme sorriso.
- E o que é?
- Eu tenho um filho.
Meus olhos se arregalaram de surpresa, fui indo para trás em busca do encosto cadeira, como se quisesse fugir do que eu estava ouvindo. E esta não agüentou. Uma de suas pernas se partiu e imediatamente fui arremessado ao chão, assim como o meu rosto assim que ouvi aquela noticia.
- Chester! Tudo bem com você?
Atirado no chão, com as minhas duas pernas para cima, somente agora pude perceber que ele tinha novamente as duas pernas. Me apoiando no chão grudento, me levantei e acabei me sentando na outra cadeira. Ainda um pouco chocado com aquilo tudo, vejo Theo pedir ao baixinho uma garrafa de água. Quando voltei a si, perguntei de onde havia surgido a outra perna. Prontamente me levantou a calça e me mostrou uma reluzente viga metálica no lugar de uma linda panturrilha que ali havia existido um dia. Um sentimento de culpa pairou no ar.
O baixinho veio com a água e trouxe um copo molhado junto. Abri a garrafa e tomei no gargalo mesmo. Só parei quando a garrafa estava praticamente vazia.
- Coloquei assim que cheguei em Glasgow. Não foi fácil de me adaptar, mas agora já estou acostumado.
- Eu, eu me sinto tão mal... Tão culpado por isso que aconteceu... Eu... Eu..
- Eeeii... Não tem do que se culpar... Você jamais poderia prever que aquilo iria acontecer... Acalme-se. - E passou a mão sobre o meu braço. Já não estava com forças para agüentar aquela situação. Me levantei, tirei 5£ da carteira e sobre ele coloquei um cartão com meu telefone e pus na mesa.
- Olha, se quiser conversar outra hora.. Eu... Eu não estou bem. Me desculpe.
Peguei meu casaco e saí dali sem olhar para trás, mesmo sabendo que eu poderia nunca mais ver ele de novo.
(CONTINUA)

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