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Vol. 20 - Dance a little bit closer...

Posted by Chester
À partir daquele momento, Arthur se tornou meu melhor amigo. Não demorou muito para que as conversas diárias tanto via e-mail quanto telefone se tornassem freqüentes. Às vezes, freqüentes até demais. Durante a semana ele ficava ocupado em função das aulas e de um trabalho que ele havia conseguido numa mercearia próxima a casa dele. Mas durante o final de semana pude apresentá-lo totalmente ao mundo Gay de Londres. Ao conhecer o Arthur e apresentar a ele esses lugares que eu já freqüentava, me fez ter uma nova visão daquilo que eu achava que era. E desejei ter os olhos do Arthur naquele momento. Ver as coisas com inocência. Achar que tudo era lindo e que as pessoas eram todas boas e queriam bem mais que só uma noite de prazer. No fim de semana anterior havia levado ele na G.A.Y. e naquela noite fomos na Heaven. O lugar é imenso e só de passar pela porta pude ver os olhos de Arthur brilharem. Ainda acho que os homens de lá são os mais bonitos de Londres, mas sei muito bem que menos de 10% que estão ali dentro prestavam vê alguma forma e que tinha na cabeça algo mais que uma companhia para a noite.

Como em todos os locais gays, sempre há uma distinção de grupos e geralmente todos andam reunidos... Os caras mais sarados de um lado, os bears de outro e as “fadas” em um canto... Mas havia um grupo novo em Londres com rapazes muito jovens, que haviam recém começado a freqüentar os clubes noturnos, mas já aproveitavam a vida a um bom tempo nas ruas. Não eram necessariamente garotos de programa, mas a fama deles não era das melhores. Muitas histórias eram contadas, mas na maioria não passavam de boatos. Bem provável que fossem espalhados por eles mesmos a fim de assustar um pouco as pessoas com uma fama de “garotos perdidos”.

Enquanto Arthur parecia encantado com a música e as pessoas, eu tentava me divertir. Nunca mais tinha saído por causa do Stephen e só estava saindo mesmo porque queria agradar e acompanhar o Arthur nessa jornada de descoberta.
Havia um dos rapazes do bando dos “garotos perdidos” que constantemente olhava em nossa direção. Ele parecia estar meio perdido naquele grupo. Talvez fosse a ovelha branca do rebanho de ovelhas pretas. Durante muito tempo ele olhava e baixava a cabeça, como se tivesse envergonhado. Como sempre fui muito tapado na arte da paquera, achei que não era comigo e continuei dançando. Nem havia me interessado mesmo no rapaz e estava ali somente para acompanhar Arthur, não para ficar com alguém.
- Chess... – gritou Arthur e fez com que eu aproximasse o ouvido pra ouvir o que ele iria falar. – Vou pegar algo para beber. Você quer algo?
- Não, estou bem. Vou me sentar um pouco. Te encontro ali naquelas mesas... – e apontei em direção ao outro lado da pista.
Com um sinal afirmativo de cabeça, Arthur me virou as costas e foi em direção ao bar. E eu então atravessei a pista até as mesas.

Muitas Britneys, Kylies e Madonnas depois, resolvi procurar Arthur, que não havia aparecido até então. Atravesso a pista somente observando alguns olhares que me devoravam. Certamente aquelas pessoas estavam vendo bem além das roupas que eu estava vestindo, se é que vocês me entendem. Cheguei até o bar e nada do Arthur. Comecei a ficar um tanto preocupado, até que bem no canto, ouço um grito meio abafado pela música alta:
- Chess, estou aqui! – gritou ele, todo sorridente, escondido atrás de um rapaz de regata preta.
O rapaz se vira em minha direção e meus olhos não acreditaram em quem eu estava vendo.

(continua)

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